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DESEJO ESPONTÂNEO & DESEJO RESPONSIVO | ATIVAR ESTÍMULOS E DESATIVAR INIBIDORES

Praticamente tudo o que aprendemos sobre SEXUALIDADE está errado. Crescemos na crença de que o DESEJO SEXUAL é um IMPULSO ou uma ‘CHAMA’ ESPONTÂNEA. E acreditamos que o desejo espontâneo deve manter-se durante anos. Devido a esta crença, existem muitos conselhos sobre como ‘manter a chama’. Devemos depender dela para usufruir de uma boa sexualidade? NÃO! Então, esqueçamos por agora a 'chama'...

A maioria das pessoas vê o desejo sexual somente como um DESEJO ESPONTÂNEO. Vemos alguém que nos atrai e automaticamente surge o desejo. É NATURAL e SAUDÁVEL sentir esse desejo espontâneo – mas NÃO É O ÚNICO TIPO DE DESEJO que existe. Existe também o DESEJO RESPONSIVO. Este é um desejo que emerge em resposta ao prazer – um tipo de desejo que se CULTIVA. 

É NORMAL que o desejo espontâneo DESVANEÇA, já que o ‘estado nascente de enamoramento’ (paixão) DESAPARECE COM O TEMPO, e o casal atinge uma certa ‘saturação’ (HABITUAÇÃO SEXUAL). Sucede, porém, que NÃO SE CULTIVA O DESEJO RESPONSIVO.

O desejo responsivo não opera em modo automático. É preciso cultivá-lo no ambiente adequado, em estados emocionais de PAZ, SEGURANÇA, CONFIANÇA e PRAZER. A sexualidade é muito mais um PROCESSO DO CÉREBRO do que um PROCESSO DOS GENITAIS.

Quando enfrentamos dificuldades ao nível da sexualidade (prazer, desejo, excitação, etc.), não será por não existirem estímulos, mas sim porque existem muitos aspetos que inibem o desejo. Seja devido a STRESS, FALTA DE CONFIANÇA, por TRAUMA ou PROBLEMAS ACUMULADOS NA RELAÇÃO.  O desejo sexual é um processo dual. São dois caminhos simultâneos. 

É necessário ativar os estímulos certos e desativar os inibidores. Por outras palavras, adequar as circunstâncias externas e as circunstâncias internas. Os casais que sustêm uma SEXUALIDADE BOA são os que conseguem co-criar este ambiente externo e mental de prazer.

Com estima,

Carlos Marinho


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