INTRO
O consultório clínico é, cada vez mais, uma estufa de queixas dirigidas ao medo que a ordem social vem tendo do CORPO. É da ordem social desconfiar de tudo quanto nos aproxime da animalidade, do ingovernável, do vulnerabilizante, e da paixão sensorial. Se hoje somos muito 'cógito pensante' e muito pouco 'corpo', é - pelo menos parcialmente - porque a sociedade nos quer 'máquinas' de produção. Entre as pressas e atropelos das tantas solicitações e responsabilidades externas (que vão desde o trabalho ao consumo desmedido das redes sociais), o tempo deve ser rentabilizado a favor da aquisição de aptidões e competências que apurem o nosso valor mercadológico. Sobra-nos pouco tempo (bolsas de oxigénio) para nós mesmos/as (se é que algum), e menos disposição para compreendermos e cuidarmos da nossa interioridade. Nessa interioridade, as emoções são percebidas como obstáculos à produtividade, levando a que sejam reprimidas e controladas. Quando uma pessoa 'sai da mente' e desce ao corpo, descobre uma profundidade que não se alcança através do pensamento. É no corpo que habita o seu verdadeiro poder: não o de controlar, mas o de sentir. Aqui reside a presença que transforma tudo à sua volta.
À medida que o raciocínio concreto, orientado para os factos, ganha crescente predomínio sobre o raciocínio subjetivo, entramos em défice de elaboração emocional. Somos cada vez mais analfabetos/as na capacidade de identificar, expressar e regular emoções - somos cada vez menos capazes de sentir em liberdade, sem penalizações e invalidações externas ou internas.
Sem discurso emocional, tornamo-nos excessivamente racionais, excessivamente racionalizantes, fechamo-nos num funcionamento unilateralmente mental, voltados para o policiamento interno, e começamos a desconectar-nos do corpo: do corpo biológico, do corpo emocional, do corpo afetivo, do corpo sensitivo, do corpo nutritivo, do corpo sexual. É como sintomas de desconexão que depois surgem experiências angustiantes de culpa, de vergonha, fobias, desejos disruptivos, sentimentos de indiferença, perturbações de alimentação e de ingestão, e até aversão ao sexo. Quando é que foi a última vez que realmente se SENTIU NO SEU CORPO? Quando foi a última vez que realmente esteve PRESENTE NO SEU CORPO?
1: A IMPORTÂNCIA DO CORPO PRESENTE
Enquanto a mente nos arrasta para o passado, através da memória, ou nos projeta para o futuro, através da idealização, o corpo é a única âncora que nos fixa ao presente. Estar no corpo é estar presente. E a presença não é meramente ocupar um espaço físico. É uma qualidade de atenção e abertura que cria espaço para o Outro ser verdadeiramente visto. Devemos estar no presente, no aqui e agora de cada momento, para convidarmos a intimidade autêntica, sem máscaras, sem defesas - para dar e receber o afeto dos outros de forma significativa. Estar presente é estar presente na realidade: é conviver, aceitar e respeitar a realidade tal como ela é - e não como gostaríamos que ela fosse, o que nos remete, uma vez mais, para o plano mental da fantasia/idealização. Só estando presentes na realidade podemos compreender e aceitar as nossas reais necessidades e desejos - a moeda de troca da responsabilidade afetiva. Pois é da nossa responsabilidade ensinarmos as outras pessoas acerca de como queremos e precisamos de ser tratados/as. É também presentes na realidade que podemos compreender e aceitar as nossas (in)capacidades, (in)suficiências e limitações, aquelas que tentamos suprir através da submissão a um 'Eu Ideal', para que possamos dizer: "sou o que sou ('Eu Real'), não o que deveria ou desejaria ser ('Eu Ideal') - pelo menos não neste momento". Findas contas, quem pode dar o que não tem, o que não é?
2: A IMPORTÂNCIA DO CORPO-PRAZER
E tal como a vida só é passível de ser significativa quando baseada na autenticidade, também só presentes na realidade é que os seres humanos podem experienciar o prazer. Este é um dos aspetos mais relevantes a salientar-se: o corpo é a porta pela qual o prazer entra na nossa vida. Correndo o risco de parecer redutor, muitas das dificuldades e problemas que enfrentamos poderiam ser resolvidos se incluíssemos mais prazer na equação do nosso funcionamento vital. No entanto, o que se percebe em vários casos é a presença de uma perniciosa associação entre prazer e transgressão, levando a que vejam o prazer como algo indesejado e até prejudicial.
A compasso de diferentes motivações - desde a exposição a certas mensagens educativas na infância, até experiências repressivas e/ou traumáticas ao longo do desenvolvimento - muitas pessoas - consciente ou inconscientemente - crescem subjugadas à expectativa e/ou pressão de outros, vergadas ao peso do dever, das obrigações e das responsabilidades; passando para segundo plano na própria lista de prioridades, aprendem que devem esforçar-se a provar o seu valor, para serem amadas e validadas, e invariavelmente, começam a desenvolver uma faceta superexigente e perfeccionista, como sintoma da perceção de que não são suficientes em si mesmas; lançam-se então a tudo o que possa ser um símbolo demonstrativo do seu valor próprio, dispersando-se na sôfrega busca de um lucro externo que possa compensar o vazio interior, e na perseguição de objetivos crescentemente irrealizáveis de reconhecimento através do status, da riqueza, da beleza, e da juventude (querem ser os/as melhores filhos/as, os/as melhores alunos/as, os/as melhores profissionais); muitas outras acolhem uma voz interna, de natureza masoquista, que as faz crer que não são merecedoras de prazer, que deverão ser castigadas caso se permitam gratificar-se a si mesmas. A repressão do prazer torna-se então uma forma de manterem o seu 'Eu Ideal', reforçando assim as suas naturais tendências narcísicas, e afastando-as mais e mais da sua autenticidade. Percebe-se, por isso, por que motivo é urgente a rematerialização do corpo. Quando é que foi a última vez que realmente se PERMITIU SENTIR PRAZER? Quando foi a última vez que realmente esteve PRESENTE NO SEU CORPO PARA SE AUTOGRATIFICAR?
(Talvez seja importante um parêntesis para vincar que o prazer é bastante distinto do desejo. O desejo pertence ao domínio da fantasia, da idealização, 'do que poderia ser'. Já o prazer é uma experiência enraizada no real, que pede à nossa presença que seja uma âncora, que esteja alinhada com um esforço de aceitação 'do que é'.)
Tenho vindo, na minha prática clínica, a ser um estrénuo defensor da autenticidade, por outras palavras da (re)conexão com o nosso Self ou 'Eu Real'. Vale lembrar que quando falamos de Self falamos de tudo o que nos constitui (a nossa totalidade). É no corpo que estão gravadas as emoções negativas que este vazio interior suscita: se as não soubermos elaborar devidamente, a contusão do ressentimento irá ulcerar e abrir uma fístula geradora de constante sofrimento.
Muitas destas feridas começam na infância, na experiência da criança que fomos e guardamos em nós: a nossa CRIANÇA INTERIOR. É aqui que se esconde a chave para a reconexão com o prazer perdido.
2: A CRIANÇA INTERIOR COMO CHAVE PARA A REMATERIALIZAÇÃO DO CORPO-PRAZER
A criança interior representa uma parte íntima da nossa mente, composta por pensamentos, sensações e comportamentos que trazemos desde a infância. Para nos reconectarmos com o nosso corpo e com a experiência do prazer que tomamos por transgressiva, é vital descobrir meios de nos reconectarmos com essa criança, e com as feridas que ela carrega, para termos uma vida mais harmonizada e feliz. Costuma lembrar-se da sua infância? Pergunto-o, porque vejo muitas pessoas a reprimirem essas lembranças, evitando até olhar para fotografias antigas, por causa de memórias dolorosas e traumáticas. É ao evitar encararmos essa criança que mais fundo começa o aflitivo drama da nossa desconexão. Essa criança, que nunca deixou de ali estar, é a base sobre a qual se vêm empilhando as várias versões atualizadas da nossa crescente maturação: sem boas fundações, não há casa que resista - nem mesmo com os mais hábeis truques da nossa arquitetura compensatória. Se precisamos de acolher para aceitar o nosso Self devemos começar pela instância mais primária do que somos: devemos acolher e aceitar a nossa criança interior. Ao aceitar quem já fomos, torna-se possível criarmos um lar de proteção, segurança e amor dentro de nós, o que nos relançará para a experiência de auto-valorização e auto-suficiência.
Em 'Sobre o Narcisismo' (1914), Freud reflete sobre como "[o] encanto de uma criança reside, em grande medida no seu narcisismo, no seu autocontentamento e inacessibilidade, assim como também o encanto de certos animais que parecem não se preocupar conosco, tais como os gatos. (...) É como se os invejássemos por manterem um bem-aventurado estado de espírito - uma posição libidinal inatacável que nós próprios já abandonamos". A criança não conhece os requintes da racionalização. Tal como os gatos de que Freud fala, as crianças são animalescas na sua espontaneidade: são mais corpo que mente, mais 'sentir' que 'cógito pensante'.
O narcisismo da criança é a experiência mais prazenteira que lhe pode assistir. Tipicamente (exceto em casos gravosos de negligência e maus-tratos), numa fase primeva da sua vida, as suas necessidades, desejos e carências são inteiramente satisfeitas pelo Outro: alheia a isso, a criança não tem de fazer qualquer esforço. Os outros não esperam que se adeque ou que seja diferente: nada se exige dela. Deixa-se que a criança seja espontaneamente o que é. A esta fase paradisíaca chamamos de narcisismo primário (ou omnipotência primária). E sim, todos e todas passamos por ela. Mais do que isso, todos e todas nós, guardamos secretamente muitas saudades desta fase inicial: de quando éramos aquilo que deveríamos ser, de quando não havia uma exigência para sermos de outra forma.
E em que 'recreio' vai a criança experienciar a fonte mais imediata deste prazer? Esta é fácil. No brincar.
A criança, é verdade, brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças, com vistas a um jogo, mas mesmo que não brinque em frente dos adultos, não lhes oculta o seu brinquedo. O adulto, ao contrário, envergonha-se das suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas. Acalenta as suas fantasias como o seu bem mais íntimo, e em geral preferiria confessar as suas faltas do que confiar a outros as suas fantasias. Pode acontecer, consequentemente, que acredite ser a única pessoa a inventar tais fantasias, ignorando que criações desse tipo são perfeitamente comuns nos demais. O brincar da criança é determinado por desejos: de fato, por um único desejo - o que auxilia o seu desenvolvimento -, o desejo de ser grande e adulta. A criança está sempre a brincar ‘aos adultos’, imitando nos seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais velhos. Não tem motivos para ocultar esse desejo. Já no/a adulto/a o caso é diferente. Por um lado, sabe que dele/a se espera que não continue a brincar ou a fantasiar, mas que atue no mundo real; por outro lado, alguns dos desejos que provocaram as suas fantasias são de tal género que é essencial ocultá-las. Assim, o adulto envergonha-se de suas fantasias por serem infantis e proibidas.
Uma das máximas que vou recitando frequentemente em sessão é atribuída a Bernard Shaw, e diz o seguinte: "Não paramos de brincar porque envelhecemos; envelhecemos porque paramos de brincar". Aqui está a chave. Pergunte-se: o que aconteceu à sua criança interior? Em que momento da sua vida lhe largou a mão? Recorda-se a que é que brincava? Recorda-se dos seus recreios de prazer? Recorda-se de ser mais corpo e menos mente? Quando foi, na sua vida, que deixou de brincar? Ou talvez não tenha brincado. Talvez não se recorde. O que quer que o/a tenha desvinculado deste prazer abriu portas para a prisão onde hoje se encerra. Saber a origem desta desvinculação oferece uma pista valiosa para se poderem elaborar as feridas que possam ter sido causadas e que hoje o/a assombram no seu dia-a-dia adulto.
Quando a criança cresce e pára de brincar, após esforçar-se por algumas décadas para encarar as realidades da vida com a devida seriedade, pode colocar-se certo dia numa situação mental em que mais uma vez desaparece essa oposição entre o brincar e a realidade. Como adulto, pode refletir sobre a intensa seriedade com que realizava os seus jogos na infância, equiparando as suas ocupações do presente, aparentemente tão sérias, aos seus jogos de criança, e pode livrar-se da pesada carga imposta pela vida e conquistar o intenso prazer proporcionado pelo humor, pela espontaneidade e pela brincadeira.
3: PELOS OLHOS DA CRIANÇA INTERIOR
Ao contrário do que muitos defendem, falar sobre a nossa criança interior não implica - não necessariamente - abordar questões de infantilidade, imaturidade ou irresponsabilidade; muitas vezes, são essas crenças que fazem com que nos distanciemos da figura da infância.
Quando as responsabilidades da vida adulta começam a aumentar, é comum a nossa criança interior começar a desaparecer. Mas aqui é preciso recordar que existe muito mais em nós do que a faceta racional e responsável, ligada às tarefas diárias. A criança interior refere-se justamente ao lugar a partir do qual conseguimos sentir, apreciar as coisas à nossa volta, experimentar outras possibilidades, descobrir coisas novas e vontade de continuar a aprender. É uma potência que existe em nós para nos (re)conectar com o encanto, a beleza, a criatividade, a cura. Pense no momento da tomada de uma decisão. Além de nos guiarmos pelas recomendações mais plausíveis do que seria o “correto”, a nossa criança interior permite-nos abranger também a intuição, o que nos deixaria mais felizes, o que nos poderia gerar orgulho.
Esta parte inconsciente da mente, que carrega os padrões experienciados na infância, pode manifestar-se na vida adulta, influenciando as nossas emoções e a forma como vivemos as nossas relações familiares e afetivas. As feridas de infância - ferida do abandono, da rejeição, da traição, da injustiça e da humilhação - poderão continuar a magoar-nos na fase adulta caso não sejam adequadamente trabalhadas. É a conexão com a nossa criança interna que nos pode ajudar a encontrar meios para lidarmos com esse desafio.
Segundo Freud, a personalidade humana é dividida em três instâncias: o “id”, também chamado de criança interior (ou ego criança, pela psicologia moderna); o “ego”, conhecido por ego adulto; e “superego”, uma instância moral que habita o/a adulto/a, também chamado de “ego pai” ou “crítico interior”. Quando não nos permitimos arriscar algo novo, por exemplo, estamos já a desqualificar as nossas próprias capacidades: posicionamo-nos diante de nós mesmos/as no 'modo pai'.
Outras abordagens terapêuticas dividem estas três principais instâncias - ego criança, ego adulto e ego pai - noutras menores, como: a criança interior ferida, a criança alegre (ou criança sol) e a criança zangada (ou criança sombra), e pais interiores castigadores ou pais interiores benevolentes, a que se soma uma série de subpersonalidades (que compõem a equipa interior).
Os conceitos de criança sol e criança sombra, desenvolvidos pela psicóloga Julia Tomuschat, são dois termos que representam as subdivisões da parte da nossa personalidade que representa o nosso inconsciente e a nossa criança interior. Na maior parte dos casos que atendo em terapia, revelam-se de forma inconsciente até ao momento em que começamos a avançar no processo.
Enquanto a criança-sombra abarca todas as crenças negativas e os sentimentos opressivos (como tristeza, medo, desamparo e raiva), representando a parte da autoestima que foi ferida e se encontra fragilizada, a criança-sol reúne as influências e os sentimentos positivos (como a espontaneidade, a curiosidade, a entrega, a vitalidade e a alegria).
Para confortarmos a criança-sombra em nós e, com isso, abrirmos mais espaço para a criança-sol, precisamos de ativar uma disposição calma e benevolente que nos permita entender as feridas que a nossa criança-sombra carrega e reagir de forma adequada e amorosa aos seus impulsos. Para consegui-lo são aconselháveis algumas estratégias de reflexão, entre elas: (i) evitar uma postura desconfiada e pessimista; (ii) elogiar as pessoas à nossa volta; (iii) relativizar o perfeccionismo e reflitir sobre os nossos níveis de exigência; (iv) concentrar a nossa atenção no presente; (v) permitirmo-nos momentos de diversão e prazer; (vi) cuidar mais de nós e assumirmos a responsabilidade pelo nosso bem-estar; (vii) respeitar a nossa voz, os nossos gostos, as nossas necessidades, os nossos desejos e as nossas aprendizagens; (viii) aprendermos a dizer “não” e recuar sempre que for preciso; (ix) exercitarmos a empatia e a escuta ativa; e (x) percebermos as nossas próximas necessidades e reconhecermos os nossos limites.
5: COMO ME POSSO CONECTAR COM A MINHA CRIANÇA INTERIOR?
Agora que entendemos a importância de saber mais sobre quem fomos na infância (para, assim, compreendermos e ampararmos as nossas emoções), é importante encontrarmos formas de nos conectarmos com essa parte da nossa essência. Acredito que esse processo pode ocorrer de várias formas, dependendo dos gostos pessoais de cada pessoa. Partilha alguns dos meios de que normalmente me sirvo para ajudar os/as meus/minhas clientes a se aproximarem da criança que habita neles/as.
5.1. Consultar álbuns de fotos da infância: Uma das formas mais práticas de trilharmos o caminho da conexão com a nossa criança interior é olhando-a nos olhos, por meio de fotografias, vídeos e conversas com a família/figuras cuidadoras sobre os registros visuais da infância. Ao revermos fotografias do nosso passado, encontramos sempre algo novo que não havíamos percebido antes, expandindo as nossas percepções e fortalecendo a nossa história.
5.2. Escreva uma carta à sua criança interior: Uma forma simples e sensível de conversar abertamente com quem fomos e com a pessoa em quem nos vamos tornando. A escrita de cartas para nós próprios/as é um excelente trabalho de escrita terapêutica e autoconhecimento, que deve ser feito sem julgamentos, para dar voz ao que autenticamente sentimos e pensamos. Que tal servir-se de alguns materiais de papelaria e escrever, acrescentando um pouco de cor e delicadeza, à sua criança?
5.3. Separe um tempo para se divertir: O que gostava de fazer para se divertir na infância? Eu adorava fazer construções em plasticina e barro, e criar bandas desenhadas, por exemplo. Sei que quando me foco em atividades artísticas estou já a reconectar-me com a minha criança interior. Liste algumas das atividades de que se lembre e tentar aplicá-las sempre que possível.
O trabalho de conexão com a nossa criança interior é um processo que exige atenção e cuidado, mas também envolve acolhimento, amor e profunda gratificação. Quer saber mais sobre como se conectar com a sua criança interior? Saiba mais em consultório.
Aqui para si,
Carlos Marinho
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