Talvez com ALGUNS DEFEITOS, mas SEMPRE JUSTO e, principalmente, SEMPRE DO NOSSO LADO! É muito compreensível querer ter alguém assim nas nossas vidas, especialmente em MOMENTOS DIFÍCEIS.
Na primeira infância somos particularmente INDEFESOS/AS e necessitamos de PROTEÇÃO. Somos FRÁGEIS e não conseguimos entender o mundo. À nossa volta tudo é novo e fora do nosso controlo. A “fome” de um pai é – nas circunstâncias – TOTALMENTE NATURAL.
Um HOMEM ADULTO, como facilmente se pode compreender, é IMPRESSIONANTE para uma criança pequena. Parece que sabe tudo: a capital da Nova Zelândia, como conduzir um carro, como dizer algumas palavras numa língua estrangeira, como descascar um abacate. Vai para a cama misteriosamente tarde e levantam-se antes de nós. Na piscina podemos colocar os braços ao redor do seu pescoço e descansar nas suas costas. ELE LEVA-NOS NOS SEUS OMBROS e ajudam-nos a tocar o teto. É muito além de surpreendente – quando se tem 4 anos…
Aqueles/as que têm “Daddy Issues” são (quase sempre) pessoas que NÃO TIVERAM PAIS MUITO BONS quando eram pequenos. Talvez o pai fosse forte, mas em última análise, CRUEL, INTIMIDADOR ou DESINTERESSADO. Talvez ele estivesse mais interessado noutro irmão ou no seu trabalho. Talvez ele estivesse mais AFASTADO, saísse de casa depois de um divórcio ou tenha MORRIDO jovem.
O anseio adulto por um pai é uma consequência de SENTIMENTOS DE ABANDONO. E pode inclinar-nos para alguns PADRÕES DE COMPORTAMENTO COMPLICADOS.
Por mais maduros/as e céticos/as que possamos ser na maioria das áreas, em relação à ideia de PROTEÇÃO MASCULINA permanecemos um pouco como a CRIANÇA PEQUENA que nós fomos, pois não nos foi permitido amadurecer nessa área.
Secretamente ansiamos por um homem que possa CUMPRIR O PAPEL QUE FICOU POR DESEMPENHAR. Ele vai TOMAR CONTA DE NÓS. Ele vai tomar decisões, vai ser forte e certeiro, e fazer os nossos problemas desaparecerem. Ele vai ficar com raiva e agressivo com quem nos faz mal. Ele terá ORGULHO EM NÓS e amar-nos-á como nós somos.
A nossa necessidade faz com que PROCUREMOS UM PAI nas AMIZADES, no TRABALHO e, não menos importante, na POLÍTICA, no ATIVISMO ou na RELIGIÃO. O perigo é que esses “pais” podem, no final, PREJUDICAR gravemente a nossa confiança, pois NINGUÉM TEM O PODER DE APAZIGUAR O TIPO DE ANSEIOS QUE TRAZEMOS.
Eles podem saber muito bem o que queremos e, ingenuamente ou cinicamente PROMETER PREENCHER essas necessidades, mas gradualmente (por vezes demasiado tarde) percebemos que eles têm MIL DEFEITOS, como todos/as nós.
Podemos perceber que eles não têm uma atitude assim tão nobre. Que os nossos inimigos não se foram. Que ELES NÃO NOS PODEM AJUDAR! Que não há de facto dinheiro suficiente no mundo para FAZER O QUE PROMETERAM. E que – na verdade – eles REALMENTE NÃO NOS AMAM.
A fantasia da figura “pai” da idade adulta NÃO É DE FACTO UM BOM PAI POR UMA RAZÃO: verdadeiramente, os bons seres humanos sabem que NÃO SÃO TÃO PODEROSOS e estão felizes em admitir o facto de forma clara e honesta, logo que estamos prontos para receber a notícia.
UM BOM PAI NÃO FINGE SER TODO-PODEROSO. Confessa que não pode resolver todos os nossos problemas e não pode magicamente salvar-nos de uma infinidade de perigos, não importa o quanto eles o desejem. O BOM PAI DECEPCIONA-NOS logo que somos fortes o suficiente para suportar a realidade. POR AMOR, eles desfazem a ideia de que poderia haver um PAI PERFEITO E IDEAL. Eles tentam o melhor que podem para nos ajudar a crescer.
Se encontrarmos alguém que tem “Daddy Issues”, a tentação é gozar com a figura “daddy” com a qual se podem ter identificado. ESTA NÃO É UMA ESTRATÉGIA MUITO SÁBIA NEM MUITO AMÁVEL. Simplesmente tende a enraizar a devoção – porque, sempre que somos ATACADOS, naturalmente, sentimos mais do que nunca a necessidade de PROTEÇÃO DE UM PAI IDEALIZADO.
O que realmente precisamos para ULTRAPASSAR os “Daddy Issues” é algo mais parecido com as AÇÕES DE UM PAI GENUINAMENTE BOM – alguém que verdadeiramente RECONHECE O NOSSO SOFRIMENTO E OS NOSSOS MEDOS, que profundamente QUER O QUE É MELHOR PARA NÓS e não é relutante em dizê-lo.
Com estima,
Carlos Marinho
Comentários
Enviar um comentário