É um capricho das mentes que nem todas as nossas emoções sejam plenamente reconhecidas, compreendidas ou mesmo, verdadeiramente sentidas. Existem sentimentos que se encontram numa forma “não processada” dentro de nós.
Muitas inquietações podem, por exemplo, permanecer sem autorização de acesso e de interpretação. Nesse caso, é possível que se manifestem sobre a forma de ansiedade generalizada. Sob a sua influência, podemos sentir medo de passarmos tempo sozinhos, uma compulsiva necessidade de permanecermos ocupados, ou ficarmos presos a atividades que garantam que nos mantemos afastados do que nos assusta. Um tipo semelhante de desaprovação pode acontecer em torno da mágoa. Alguém pode ter abusado da nossa confiança e levar-nos a duvidar da sua bondade, ou afetado a nossa autoestima.
Ficamos deprimidos/as com tudo, porque não podemos ficar tristes com nada.
Evitamos processar emoções porque o que sentimos é tão
contrário à nossa autoimagem, tão ameaçador para as ideias que a nossa
sociedade tem de normalidade e tão em desacordo com quem gostaríamos de ser.
Uma atmosfera propícia ao processamento seria aquela em que as dificuldades do ser humano fossem calorosamente reconhecidas e amavelmente aceites. Não é por preguiça ou desleixo que não nos conhecemos, mas porque tememos que seja doloroso. Processar emoções requer bons amigos, psicoterapeutas competentes e momentos para refletir.
Então, podemos baixar as nossas defesas (normais) de forma segura e permitir que o material venha à superfície e seja explorado. Muitas vezes tomamos consciência que, numa área ou outra, a vida não é o que gostaríamos que fosse. Mas só aceitando e processando essas emoções, o nosso estado anímico pode melhorar.
Carlos Marinho
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