Para evitar frustrações e conflitos, é de suma importância que ambos/as os/as cônjuges tenham consciência DO QUE CADA UM/A ESTÁ DISPOSTO/A A FAZER PELA RELAÇÃO. Sendo assim, torna-se essencial um DIÁLOGO ABERTO entre as partes, estabelecendo um “CONTRATO” em que fique claro O QUE CADA UM/A QUER DO/A OUTRO/A, E O QUE PODE DAR DE SI.
A este contrato damos o nome de “PACTO CONJUGAL”: um ‘pacto de confiança’ que funda e organiza a relação, tendo como elementos constitutivos a ATRAÇÃO UM PELO OUTRO, a CONSENSUALIDADE, a CONSCIÊNCIA, e o EMPENHO EM RESPEITAR O PACTO. O objetivo é que ambos os cônjuges conheçam melhor as expectativas e a disponibilidade do parceiro para que possam, desde o começo, evitar os erros que possam vir a comprometer a relação.
É estruturado numa dimensão consciente – o “PACTO DECLARADO” (ou expresso) –, e numa dimensão inconsciente – o “PACTO SECRETO”.
PACTO DECLARADO:
O pacto declarado é O ATO CONSCIENTE E EXPLÍCITO DO PACTO DE CONFIANÇA em que a relação está fundada, e representa o símbolo da transição para a conjugalidade: tipicamente, o casamento – que traduz a ética do vínculo pela expressão da promessa de um certo compromisso (também fidelidade) perante a comunidade em que os novos cônjuges se inserem (“amar e respeitar na saúde e na doença...”).
O pacto declarado é assumido conscientemente nas situações em que os cônjuges quiseram interiorizá-lo do ponto de vista cognitivo e afetivo, visto pela forma como ambos se dedicam ao laço criado. Assim, os cônjuges serão capazes de FORMAR UM PROJETO DE VIDA EM COMUM que inclui valências concretas e empenham-se na sua realização.
As ZONAS DE DISFUNCIONALIDADE deste pacto situam-se na FRAGILIDADE – quando o projeto tem pouca consistência e a escolha recíproca não tem muito empenho por parte dos cônjuges; e na FORMALIDADE – quando se trata de um projeto meramente contratual, em que se perde a noção do dever recíproco e se têm apenas em conta os termos da norma, no sentido dos direitos individuais.
PACTO SECRETO:
O pacto secreto é a base de sustentação psicológica do pacto conjugal e concentra todas as MOTIVAÇÕES INCONSCIENTES QUE LEVAM AS PESSOAS A UNIREM-SE COMO CASAL. Desta dimensão inconsciente fazem parte necessidades, esperanças, valores, ideias e expectativas que cada um dos cônjuges quer satisfazer na relação conjugal com a pessoa escolhida.
São as crenças, valores e vivências adquiridas ao longo da vida que acabam por forjar a forma que cada um /a tem de compreender e gerir o amor. Sobretudo na primeira infância, fase durante a qual a criança começa a construir os seus laços afetivos.
Em geral, a motivação para a escolha do/a(s) parceiro/a(s) é fundamentalmente inconsciente. Raramente fogem de respostas banais, quando, no máximo, exaltam as boas qualidades da(s) pessoa(s) amada(s). Mas estes conteúdos inconscientes, originários dos relacionamentos da infância, são os que realmente atuam como íman para a eleição do/a parceiro/a e o estabelecimento e manutenção do contrato secreto do casamento, uma vez que apresentam padrões repetitivos de comportamento decorrentes das primeiras etapas do desenvolvimento com as figuras parentais, sejam elas os pais ou as pessoas significativas que cuidaram dessas pessoas quando eram crianças.
O que frequentemente vem à superfície em consultório são TRAUMAS, CARÊNCIAS PROFUNDAS E VAZIOS gerados no CÍRCULO FAMILIAR. Por exemplo, o impacto decorrente de um pai ausente, de uma mãe tóxica, de uma linguagem agressiva, de gritos ou uma criação sem segurança e afeto trazem mais do que a clássica falta de autoestima ou os medos que nos são tão difíceis de superar. A família é nosso primeiro contato com o mundo social, e se este contexto não nutre as nossas necessidades essenciais, o impacto pode ser constante ao longo do nosso ciclo vital.
Tipicamente, a pessoa tentará COMPENSAR A FRUSTRAÇÃO AFETIVA que viveu DE FORMA INCONSCIENTE nas suas RELAÇÕES INTERPESSOAIS ADULTAS.
Ao iniciar a relação, ambos depositam no outro a ESPERANÇA DE SEREM CURADOS das próprias feridas e frustrações da primeira infância e, assim, libertados dos temores e culpas que provêm das relações anteriores. Nesta procura pela reparação de vivências afetivas frustradas, muitas pessoas acabam em associações amorosas negativas – o desejo profundo e inconsciente de corrigir erros passados pode levar à escolha da pessoa inadequada para se relacionar.
Este é o tipo de conteúdo que pode funcionar como um “fantasma na maquinaria” do nosso funcionamento individual. A mesma coisa acontece no casal. A conjugalidade é compreendida como um ENTRELAÇAMENTO DE DOIS (OU MAIS) “EUS” que caminham em direção a uma IDENTIDADE PARTILHADA. E tal como num registo individual, a relação pode também esconder muitos “fantasmas” que, se não forem devidamente identificados e exorcizados, poderão causar frustrações afetivas, bloqueios comunicacionais, tensões, ruturas e a separação.
Através do “pacto inconsciente” as pessoas procuram defender-se dos seus temores inconscientes, ao mesmo tempo que procuram imobilizar neuroticamente o outro, através de jogos de dominação e de dependência. Cada parceiro/a luta para encontrar no outro, ou induzir o outro, a tornar-se a própria incorporação de um complemento da própria identidade. Se o inconsciente falasse diria talvez algo do género:
“Eu vou tentar ser algumas das coisas que são importantes para ti e que tu queres de mim, ainda que algumas delas sejam impossíveis, contraditórias e loucas, desde que tu sejas para mim algumas das coisas impossíveis, contraditórias e loucas que eu quero que tu sejas. Não precisamos de contar um ao outro o que são estas coisas, mas ficaremos zangados/as, aborrecidos/as ou deprimidos/as se não formos fiéis a essa expectativa”.
Quando, porém, o pacto é rompido, as pessoas são FORÇADAS A CONFRONTAR NOVAMENTE OS SEUS CONFLITOS E TEMORES que haviam reprimido durante o vínculo conjugal, e COMEÇAM A AGREDIR-SE MUTUAMENTE PELA RUTURA DO "PACTO". Os lutos a serem elaborados referem-se não apenas ao pesar diante do que não se vai viver mais por estar longe do outro, com sua perda, como também à dificuldade em suportar que a sua própria imagem seja destruída na consciência do outro.
A SEPARAÇÃO torna-se, então, o único meio de solução para tais conflitos. Mas, mesmo diante de decisão de separação, o casal percebe que não é tão fácil assim: existem SENTIMENTOS AMBIVALENTES (ex.: amor/ódio, atração/rejeição, prazer/desprazer) em relação ao outro, e que, por refletirem SENTIMENTOS INCONSCIENTES também não elaborados nas suas relações parentais (com as famílias de origem), são intensificados agora, através das disputas judiciais que o divórcio envolve. Além disso, há total ausência de elaboração de perdas e mudanças de situação, que comprometem a estrutura de personalidade de cada parceiro. Se essas dificuldades não forem superadas, a separação será muito mais conflituosa e fonte de sofrimentos para todos os envolvidos.
Até a questão da comunicação familiar fica prejudicada. O pacto de defesas faz com que o diálogo fique obstruído, POR MEDO A QUE ECLODAM OS TEMAS-TABUS E A FAMÍLIA PRECISE DE ENCARAR AS SUAS DIFICULDADES. Nesse sentido, cada membro desenvolve um contato cada vez menos autêntico, o que favorece a solidão, mesmo quando pertence a uma grande família.
Problemas e conflitos da mesma ordem ou de classes complementares exercem uma grande atração entre as pessoas desde a primeira fase da relação conjugal, ou seja, na eleição inconsciente do/a parceiro/a. O CASAL EM FORMAÇÃO ENCONTRA NO OUTRO AS PRÓPRIAS DIFICULDADES. As fantasias e idealizações baseadas na repressão e, portanto, inconscientes, emergentes do encontro do casal, constituem a predisposição para a formação de um INCONSCIENTE COMUM. Ambos depositam no outro a esperança de serem curados das próprias lesões e frustrações da primeira infância e, assim, libertados dos temores e culpas que provêm das relações anteriores.
Considera-se que o pacto secreto foi CONSEGUIDO QUANDO HÁ UMA SATISFAÇÃO RECÍPROCA das necessidades afetivas por parte de cada um dos cônjuges. Quando é passível de ser reformulado à medida que as necessidades e expectativas se alteram classifica-se como praticável.
As ZONAS DE DISFUNCIONALIDADE deste pacto encontram-se na IMPRATICABILIDADE – quando as necessidades que ambos esperam satisfazer reciprocamente não são tidas, sistematicamente, em conta; e na RIGIDEZ – quando o pacto foi formado mas não é ajustável às alterações que o casal vai vivendo ao longo da vida.
A transição para a conjugalidade tem como objetivo conseguir CONSTRUIR UM PACTO CAPAZ DE LIGAR O PACTO SECRETO E O PACTO DECLARADO e que MANTENHA ESSA LIGAÇÃO. Isto implica criar um meio ético-afetivo capaz de exprimir as características do pacto conjugal e capaz de exprimir as características do casal.
FANTASMAS NA MAQUINARIA:
Ao longo do processo de formação, o novo casal tem que rever o seu “sistema de lealdades” no que diz respeito ao seu cônjuge e às famílias de origem.
Um PACTO SUSTENTÁVEL E DURADOURO implica a ACEITAÇÃO DO OUTRO na sua totalidade, unicidade e irrepetibilidade, através da aceitação dos limites do outro e da desejabilidade das características. Mais do que na paixão, fundamenta-se na CAPACIDADE DE SE OFERECER AO OUTRO e de se RECONCILIAR COM AS SUAS PRÓPRIAS LIMITAÇÕES.
Por outro lado, o CASAL ADQUIRE A SUA IDENTIDADE QUANDO SE DISTINGUE DAS FAMÍLIAS DE ORIGEM, o que significa criar um estilo relacional a partir das modalidades aprendidas nas famílias de origem, sem que as repita, e manter um novo laço com as mesmas. Esta dinâmica de construção de identidade de casal implica que exista um processo de regulação de distâncias, que leva a redefinir a relação e a estabelecer NOVAS FRONTEIRAS COM AS FAMÍLIAS DE ORIGEM. Implica, ainda, um posicionamento, por parte de cada cônjuge, em relação ao tipo de relacionamento de casal que viveu e interiorizou na sua própria família, produzindo uma IDENTIFICAÇÃO OU OPOSIÇÃO A ESSE TIPO DE RELAÇÃO.
A identidade conjugal só é possível a partir do momento em que ambos parceiros tenham SUPERADO A NÃO-DIFERENCIAÇÃO, e que tenham CONQUISTADO ALGUM GRAU DE SEPARAÇÃO-INDIVIDUAÇÃO. Caso contrário, os parceiros manterão a aliança e lealdade com as suas respetivas famílias de origem.
Toda a comparação que vai sendo feita pelos novos cônjuges dura vários anos, ATÉ QUE O CASAL SEJA CAPAZ DE TER VIVÊNCIA PRÓPRIA, de resolver a próprias crises e de ter uma bagagem de eventos históricos que lhe é específica, momento em que esta comparação deixa de ser importante. Aqui como que se apropriam da sua identidade de casal e ambos identificam a sua própria história e a construção da mesma.
ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLETIR:
1. O que aprenderam sobre as relações de casal e sobre a vida de casal com a família de origem? Encontraram “regras de ouro” a este respeito?
2. O que fez com que se terem encontrado se tornasse num laço?
3. O que pensam ter casado um/a no/a outro/a?
4. Encontraram um/a no/a outro/a o que estavam à procura? O que descobriram de novo?
5. Consideram que podem ser feitas mudanças na vossa vida conjugal para melhorar a vossa convivência?
6. O que acham que pode vir a acontecer se nada mudar?
7. O que estão dispostos/as a mudar para melhorar a relação?
Carlos Marinho
_____________________________________________________________
LA PAREJA Y EL PACTO SECRETO | "FANTASMAS EN LA MAQUINARIA" DEL MATRIMONIO
Para evitar frustraciones y conflictos, es sumamente importante que ambos cónyuges sean conscientes de LO QUE CADA UNO ESTÁ DISPUESTO A HACER POR LA RELACIÓN. Por tanto, se hace imprescindible un DIÁLOGO ABIERTO entre las partes, estableciendo un “CONTRATO” en el que quede claro LO QUE CADA UNO QUIERE DEL OTRO, Y LO QUE PUEDEN DAR DE SÍ MISMOS.
A este contrato lo llamamos “PACTO CONYUGAL”: un “pacto de confianza” que funda y organiza la relación, teniendo como elementos constitutivos la ATRACCIÓN DE UNO HACIA EL OTRO, la CONSENSUALIDAD, la CONCIENCIA y el COMPROMISO DE RESPETAR EL PACTO. El objetivo es que ambos cónyuges comprendan mejor las expectativas y la disponibilidad de su pareja para que puedan, desde el principio, evitar errores que puedan comprometer la relación.
Se estructura en una dimensión consciente – el “PACTO DECLARADO” (o expresado) – y en una dimensión inconsciente – el “PACTO SECRETO”.
PACTO DECLARADO:
El pacto declarado es EL ACTO CONSCIENTE Y EXPLÍCITO DEL PACTO DE CONFIANZA en el que se fundamenta la relación, y representa el símbolo del paso a la conyugalidad: típicamente, el matrimonio –que traduce la ética del vínculo expresando la promesa de un cierto compromiso (también fidelidad) hacia la comunidad en la que se insertan los nuevos esposos (“amor y respeto en la enfermedad y en la salud…”).
El pacto declarado se asume conscientemente en situaciones en las que los cónyuges quisieron internalizarlo desde el punto de vista cognitivo y afectivo, visto por la forma en que ambos se dedican al vínculo creado. Así, los cónyuges podrán FORMAR UN PROYECTO DE VIDA COMÚN que incluya valores concretos y se comprometan a lograrlo.
Las ZONAS DE DISFUNCIONALIDAD de este pacto se ubican en la FRAGILIDAD – cuando el proyecto tiene poca consistencia y la elección recíproca no tiene mucho compromiso por parte de los cónyuges; y en la FORMALIDAD – cuando se trata de un proyecto puramente contractual, en el que se pierde la noción de deber recíproco y sólo se tienen en cuenta los términos de la norma, en el sentido de derechos individuales.
PACTO SECRETO:
El pacto secreto es la base de apoyo psicológico del pacto matrimonial y concentra todas las MOTIVACIONES INCONSCIENTES QUE LLEVAN A LAS PERSONAS A JUNTARSE COMO PAREJA. Esta dimensión inconsciente incluye necesidades, esperanzas, valores, ideas y expectativas que cada cónyuge quiere satisfacer en la relación matrimonial con la persona elegida.
Son las creencias, valores y experiencias adquiridas a lo largo de la vida las que acaban forjando la manera que cada persona tiene de entender y gestionar el amor. Especialmente en la primera infancia, fase durante la cual el niño comienza a construir vínculos afectivos.
En general, la motivación para elegir pareja o parejas es fundamentalmente inconsciente. Rara vez rehúyen las respuestas banales, cuando, como mucho, exaltan las buenas cualidades de la persona que aman. Pero estos contenidos inconscientes, originados en las relaciones infantiles, son los que realmente actúan como imán para la elección de pareja y el establecimiento y mantenimiento del contrato matrimonial secreto, ya que presentan patrones repetitivos de comportamiento surgidos desde las primeras etapas del desarrollo. figuras paternas, ya sean padres u otras personas significativas que cuidaron de estas personas cuando eran niños.
Lo que muchas veces sale a la superficie en la oficina son TRAUMA, CARENCIAS PROFUNDAS Y VACÍO generados en el CÍRCULO FAMILIAR. Por ejemplo, el impacto de un padre ausente, una madre tóxica, un lenguaje agresivo, gritos o una crianza sin seguridad y cariño trae más que la clásica falta de autoestima o los miedos que tanto nos cuesta superar. La familia es nuestro primer contacto con el mundo social, y si este contexto no nutre nuestras necesidades esenciales, el impacto puede ser constante a lo largo de nuestro ciclo vital.
Lo habitual es que la persona intente COMPENSAR LA FRUSTRACIÓN AFECTIVA que ha experimentado INCONSCIENTEMENTE en sus RELACIONES INTERPERSONALES ADULTAS.
Al iniciar la relación, ambos depositan en el otro la ESPERANZA DE SER CURADO de sus propias heridas y frustraciones de la primera infancia y, así, liberado de los miedos y culpas que provienen de relaciones anteriores. En esta búsqueda de reparar experiencias emocionales frustradas, muchas personas terminan en asociaciones amorosas negativas: el deseo profundo e inconsciente de corregir errores del pasado puede llevar a elegir a la persona inadecuada para tener una relación.
Este es el tipo de contenido que puede actuar como un “fantasma en la maquinaria” de nuestro funcionamiento individual. Lo mismo sucede en la pareja. La conyugalidad se entiende como un ENTRELAZAMIENTO DE DOS (O MÁS) “YOES” que avanzan hacia una IDENTIDAD COMPARTIDA. Y al igual que en un registro individual, la relación también puede esconder muchos “fantasmas” que, si no se identifican y exorcizan adecuadamente, pueden provocar frustraciones emocionales, bloqueos de comunicación, tensiones, rupturas y separaciones.
A través del “pacto inconsciente” las personas buscan defenderse de sus miedos inconscientes, al mismo tiempo que buscan inmovilizar neuróticamente a los demás, mediante juegos de dominación y dependencia. Cada socio lucha por encontrar en el otro, o inducirlo, a convertirse en la encarnación de un complemento de su propia identidad. Si el inconsciente pudiera hablar quizás diría algo como esto:
“Trataré de ser algunas de las cosas que son importantes para ti y que quieres de mí, incluso si algunas de ellas son imposibles, contradictorias y locas, siempre y cuando tú seas para mí algunas de las cosas imposibles, contradictorias y locas. que quiero que seas. No necesitamos decirnos cuáles son estas cosas, pero nos enojaremos, enfadaremos o deprimiremos si no cumplimos con esas expectativas”.
Cuando, sin embargo, el pacto se rompe, las personas se ven OBLIGADAS A ENFRONTAR DE NUEVO SUS CONFLICTOS Y MIEDOS que habían reprimido durante el vínculo conyugal, y COMIENZAN A AGREGARSE PARA LA RUPTURA DEL "PACTO". El duelo a elaborar se refiere no sólo al arrepentimiento de lo que ya no se vivirá por estar lejos del otro, con su pérdida, sino también a la dificultad de soportar que la propia imagen sea destruida en la conciencia del otro.
La SEPARACIÓN se convierte entonces en el único medio para resolver tales conflictos. Pero, incluso ante la decisión de separarse, la pareja se da cuenta de que no es tan fácil: existen SENTIMIENTOS AMBIVALENTES (por ejemplo: amor/odio, atracción/rechazo, placer/displacer) en relación al otro, y que, como reflejan SENTIMIENTOS INCONSCIENTES tampoco elaborados en sus relaciones parentales (con sus familias de origen), se intensifican ahora, a través de las disputas legales que implica el divorcio. Además, hay una total ausencia de elaboración sobre pérdidas y cambios de situación, que comprometen la estructura de personalidad de cada socio. Si no se superan estas dificultades, la separación será mucho más conflictiva y fuente de sufrimiento para todos los involucrados.
Incluso la cuestión de la comunicación familiar se ve obstaculizada. El pacto de defensa impide el diálogo, POR TEMOR A QUE LOS TEMAS TABÚ SE DESAPAREJEN Y LA FAMILIA DEBA ENFRENTAR SUS DIFICULTADES. En este sentido, cada miembro desarrolla un contacto cada vez menos auténtico, lo que favorece la soledad, incluso cuando pertenecen a una familia numerosa.
Los problemas y conflictos del mismo orden o de clases complementarias ejercen una gran atracción entre las personas desde la primera fase de la relación conyugal, es decir, en la elección inconsciente de pareja. LA PAREJA EN FORMACIÓN ENCUENTRA EN EL OTRO SUS PROPIAS DIFICULTADES. Las fantasías e idealizaciones basadas en la represión y, por tanto, inconscientes, que surgen del encuentro de pareja, constituyen la predisposición para la formación de un INCONSCIENTE COMÚN. Ambos ponen en el otro la esperanza de ser curado de sus propias heridas y frustraciones de la primera infancia y, así, liberados de los miedos y la culpa que provienen de relaciones anteriores.
El pacto secreto se considera CUMPLIDO CUANDO EXISTE SATISFACCIÓN RECÍPROCA de las necesidades afectivas por parte de cada uno de los cónyuges. Cuando puede reformularse a medida que cambian las necesidades y expectativas, se clasifica como practicable.
Las ZONAS DE DISFUNCIONALIDAD de este pacto se encuentran en la IMPACTABILIDAD – cuando no se tienen en cuenta sistemáticamente las necesidades que ambos esperan satisfacer recíprocamente; y RIGIDEZ – cuando el pacto se formó pero no es ajustable a los cambios que la pareja experimenta a lo largo de su vida.
La transición a la conyugalidad apunta a CONSTRUIR UN PACTO CAPAZ DE VINCULAR EL PACTO SECRETO Y EL PACTO DECLARADO y que MANTENGA ESTA CONEXIÓN. Esto implica crear un ambiente ético-afectivo capaz de expresar las características del pacto conyugal y capaz de expresar las características de la pareja.
FANTASMAS EN LA MAQUINARIA:
A lo largo del proceso de formación, la nueva pareja tiene que revisar su “sistema de lealtad” respecto de su cónyuge y familias de origen.
UN PACTO SOSTENIBLE Y DURADERO implica la ACEPTACIÓN DEL OTRO en su totalidad, unicidad e irrepetible, mediante la aceptación de los límites del otro y la deseabilidad de las características. Más que pasión, se basa en la CAPACIDAD DE OFRECERSE A LOS DEMÁS y DE RECONCILIARSE CON LAS PROPIAS LIMITACIONES.
Por otro lado, la PAREJA ADQUIERE SU IDENTIDAD CUANDO SE DISTINTA DE LAS FAMILIAS DE ORIGEN, lo que significa crear un estilo relacional basado en las modalidades aprendidas en las familias de origen, sin repetirlas, y manteniendo un nuevo vínculo con ellas. Esta dinámica de construcción de identidad de pareja implica que hay un proceso de regulación de distancias, que lleva a redefinir la relación y establecer NUEVAS FRONTERAS CON LAS FAMILIAS DE ORIGEN. Implica también un posicionamiento, por parte de cada cónyuge, en relación al tipo de relación de pareja que vivió e internalizó en su propia familia, produciendo una IDENTIFICACIÓN U OPOSICIÓN A ESTE TIPO DE RELACIÓN.
La identidad conyugal sólo es posible una vez que ambos cónyuges hayan SUPERADO LA NO DIFERENCIACIÓN, y hayan ALCANZADO ALGÚN GRADO DE SEPARACIÓN-INDIVIDUACIÓN. En caso contrario, los socios mantendrán su alianza y lealtad con sus respectivas familias de origen.
Toda la comparación que están haciendo los nuevos cónyuges dura varios años, HASTA QUE LA PAREJA SEA CAPAZ DE TENER SU PROPIA EXPERIENCIA, de resolver sus propias crisis y de tener un bagaje de acontecimientos históricos que les es propio, momento en el que esta comparación deja de ser válido ser importante. Aquí parecen apropiarse de su identidad como pareja y ambos identifican su propia historia y la construcción de la misma.
1. ¿Qué aprendiste sobre las relaciones de pareja y la vida en pareja con tu familia de origen? ¿Ha encontrado “reglas de oro” al respecto?
2. ¿Qué hizo que su encuentro se convirtiera en un vínculo?
3. ¿Qué opinas de haberse casado el uno con el otro?
4. ¿Encontraron lo que buscaban el uno en el otro? ¿Qué descubrieron de nuevo?
5. ¿Consideras que se pueden hacer cambios en tu vida matrimonial para mejorar tu convivencia?
6. ¿Qué crees que podría pasar si nada cambia?
7. ¿Qué estás dispuesto a cambiar para mejorar la relación?
Carlos Marinho
Comentários
Enviar um comentário