Anulação
Trata-se este de um processo ativo que consiste em desfazer o que se fez. O sujeito faz uma coisa que, real ou magicamente, é o contrário daquilo que, na realidade ou na imaginação se fez antes.
É conveniente que as representações incómodas, evocadas em atos, pensamentos ou comportamentos da pessoas sejam considerados como não tendo existido. Para isso, a pessoa coloca em jogo outros atos, pensamentos e/ou comportamentos, destinados a apagar 'magicamente' tudo quanto estava ligado às representações geradoras de incómodo.
A anulação ocorre nos atos expiatórios, no animismo, em certas necessidades de verificação e, em geral, em todos os mecanismos obsessivos, onde uma atitude é anulada por uma segunda atitude. Fenichel (2005) defende que a própria ideia de expiação nada mais é do que a expressão da crença na possibilidade de uma anulação mágica.
A anulação pode verificar-se através da compulsão para fazer o contrário do que se fez anteriormente, e também na de repetir o mesmíssimo ato. Fenichel (2005) destaca que o objetivo de repetir consiste em praticar o mesmo ato liberto do seu significado inconsciente, ou com o significado inconsciente contrário. E se ocorre de o material reprimido se insinuar uma outra vez na repetição, a qual visa a expiação, uma terceira, quarta, quinta repetição talvez se faça necessária.
A anulação constitui um mecanismo narcisicamente muito regressivo. Deve operar quando os processos mentais mais clássicos, à base de desinvestimento e de contra-investimento não mais sejam suficientes. A anulação irá incidir sobre a própria realidade, pois é a temporalidade, elemento importante do real, que se acha negada, alterada.
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