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#12: "INTROJEÇÃO" | CONHECER UM MECANISMO DE DEFESA POR DIA... NÃO SABE O BEM QUE LHE FAZIA!


INTROJEÇÃO

Este Mecanismo de Defesa consiste na tendência para incorporar, indiscriminadamente, normas, atitudes, regras de conduta, opiniões e valores de outras pessoas sem tentar entendê-las e/ou reconsiderá-las criticamente.

Toda a educação é baseada neste no mecanismo. Os pais vão ditando regras que balizam o comportamento das crianças (ex.: "Não ponhas o dedo na tomada”, “Põe um casaco, que está frio”, etc.), contribuindo para a sua sobrevivência. Contudo, se uma pessoa adulta integra passivamente as regras e normas de outras pessoas sem a correta adequação à sua individualidade, tornar-se-á incapaz de discernir que sentimentos e desejos são realmente seus e quais deles pertencem aos outros.

Nos estágios iniciais do nosso desenvolvimento tudo o que nos agrada é introjetado. A introjeção é um mecanismo que repete, com objetivo defensivo e regressivo no adulto, o movimento que consiste em fazer entrar no aparelho psíquico uma quantidade cada vez maior de mundo exterior. Enquanto na criança o ego se encontra enriquecido com isso, no adulto cria-se assim toda uma série de fantasias interiores inconscientes, organizando uma imagem mental íntima que o sujeito terminará por considerá-la um objeto real exterior.

A introjeção seria uma defesa contra a insatisfação causada pela ausência exterior do objeto. A incorporação é o objetivo mais arcaico de entre os que se dirigem para um objeto. A identificação, realizada através da introjeção, é o tipo mais primitivo de relação com os objetos.

Para os autores kleinianos, há um jogo de interações constantes entre os movimentos projetivos [ver post #10 desta Rubrica] e introjetivos, do mesmo modo que entre os mundos objetais interno e externo, o que contribui para a manutenção de boas relações objetais, vitais para a pessoa.

Na teoria de Melanie Klein, a introjeção é essencial a o psiquismo já que é através dela que se constroem os objetos internos, o que permite a formação do ego e do superego. Porém, para Klein, os objetos que se introjetam nunca são uma cópia fiel dos objetos externos; estes encontram-se invariavelmente deformados por uma projeção das pulsões e sentimentos da pessoa.

Conheça o próximo amanhã...






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