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AS FERIDAS EMOCIONAIS QUE TENS POR CURAR PODEM FAZER-TE CONFUNDIR A ATRAÇÃO SEXUAL COM CERTAS CONDUTAS FAMILIARES

Já te aconteceu sentir que as relações onde houve mais atração sexual foram também as relações mais tóxicas para ti?

A atração e a química são experiências boas, mas quando tens feridas emocionais (trauma) não curadas, armazenadas no teu Sistema Nervoso, podes confundir a atração com rasgos semelhantes aos que te fizeram sentir ferido/a no passado.

Quando a atração sexual ocorre é provável que a pessoa em causa tenha condutas semelhantes às dos teus pais ou figuras cuidadoras. A atração é excitante e, ao mesmo tempo, indutora de ansiedade, dizendo à tua mente inconsciente que tens agora a oportunidade de impressionar e de seduzir alguém que poderá amar-te de todas as formas que as tuas figuras cuidadoras não puderam/conseguiram.

Este é o motivo pelo qual muitas pessoas permanecem em relações DISFUNCIONAIS e TÒXICAS : porque sentem uma "química" ou "chispa" que nunca antes tinham sentido, sendo esta um sinal de que nos estamos a envolver numa DINÃMICA POTENCIALMENTE PERIGOSA que abrirá muitas das velhas FERIDAS DE VINCULAÇÃO na nossa infância. Por outras palavras, a ATRAÇÃO PODE SER UM SINAL DE ADVERTÊNCIA.

Para uma criança que viveu a ausência/abandono, real ou percebido, dos seus pais, é possível que um abraço, carícia ou outra demonstração e afeto tenha mais impacto do que para uma criança que viveu com pais disponíveis e sempre afetuosos. Por isso, sair com alguém que não está disponível é ADITIVO, já que o cérebro se foca nos aspetos positivos - fazendo com que os bons momentos se equiparem aos maus momentos.

Isto também explica por que motivo o sexo ou a intimidade com uma pessoa com quem tens uma relação disfuncional ou tóxica podem ser dos melhores momentos da nossa vida. Este breve momento de conexão faz-nos sentir vistos/as e amados/as, em comparação com todos os momentos em que nos sentimos abandonados/as, ignorados/as ou maltratados/as. Como a criança que esquece a ausência do pai ou da mãe por estar concentrada num presente ou numa demonstração de afeto.

O que pretendo é convidar-te a refletir sobre a atração como um sinal de advertência para avaliares onde estás, desde um ponto de vista relacional: se desde a CRIANÇA FERIDA ou do/a ADULTO/A CONSCIENTE, que é curioso/a e procura coerência na sua vida. Se escolheres curares as tuas feridas internas, poderás mudar o teu padrão de atração e descobrir que não existe nada mais atrativo do que sentires-te seguro/a numa relação.

Quando curamos as nossas feridas emocionais e tornamos consciente a informação do nosso 'mundo interior' podemos mudar o que nos atrai, logrando diferenciar entre a ATRAÇÃO SAUDÁVEL, que te faz sentir seguro/a, e a ATRAÇÃO FATAL, que te levará a sentir ansiedade e a viver relações desde o caos e as feridas.

Se algo destas palavras ressoar em ti, não te culpes: foram tentativas do teu corpo e do teu cérebro para curar, mas se realmente e procurar mudar as tuas relações, isto vai requerer de ti a vulnerabilidade necessária para questionar e desaprender o que sabias sobre as relações para aprenderes novamente a relacionar-te. Preparado/a? Aqui estamos para ajudar.

Com estima,

Carlos Marinho

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