Avançar para o conteúdo principal

OPEN CALL: "A AUSÊNCIA FAZ P'ARTE | UM MUSEU PARA AS NOSSAS AUSÊNCIAS"

Datas comemorativas, como o São Valentim (“Dia dos Namorados”), quando conotadas com experiências de ausência afetiva, frequentemente despertam gatilhos emocionais negativos e trazem à consciência lembranças ou nostalgias desagradáveis, fazendo com que esta efeméride seja vivida de forma dolorosa. 

Já durante as semanas que antecedem o “Dia dos Namorados”, pode ser difícil para muitos/as de nós lidarmos com o sentimento de luto, sobretudo pelo bombardeamento massivo de propagandas e conversas gerais e omnipresentes sobre o tópico que no-lo fazem recordar e reviver constantemente.

Quando falo de luto, refiro-me ao processo emocional de vivência da ausência e do vazio causados por uma perda relacional (ou pelo que se signifique e perceba como tal), seja a nível familiar, amoroso ou de amizade – uma morte, uma discórdia, uma rutura, a condução de uma relação à distância, e até o não se ter ainda encontrado alguém com quem forjar uma relação significativa.

Este processo tem como propósito encontrarmos um lugar (interior) para o que se perdeu, para o que ainda não se encontrou, de forma a tornarmos a dor mais tolerável. A ausência precisa de ser processada, precisa de ser assimilada/acomodada em nós – e a simbolização é elemento-chave para consegui-lo.

A simbolização consiste na atribuição de significados a objetos, ou a ritos de passagem, que assim passam a representar as nossas experiências interiores. Através desta representação figurada, torna-se-nos mais fácil reconhecer, expressar e regular a dor, bem como os nossos conflitos, os nossos desejos e as nossas tendências inconscientes. 

Aproveitando esta data comemorativa, o @el.amor.lo_cura /CresSendo traz ao público interessado o projeto “A AUSÊNCIA FAZ P’ARTE”, que consiste na organização de um evento – das pessoas para as pessoas – inspirado no trabalho de Drazen Grubišić e Olinka Vištica. Este evento pretende simular o espaço de um museu dedicado à representação de experiências de ausência afetiva. 

Mediante inscrição prévia, cada um/a é convidado/a a exibir no Museu qualquer objeto que simbolize uma ‘experiência de ausência’ vivida nas suas histórias relacionais (sejam elas familiares, amorosas, ou de amizade) – cartas, postais, fotografias, peças de roupa, etc. É ainda pedido que seja escrita uma pequena nota explicativa (a extensão é definida por cada pessoa) acerca do contributo selecionado. Após o período estabelecido para a exposição, todos os objetos serão devolvidos em segurança.  

Para o efeito, queremos por agora formar uma EQUIPA DE TRABALHO que nos ajude a organizar/planificar este evento, em Portugal, e em data ainda a determinar. Fica assim aberto, a partir de hoje, um OPEN CALL a todos/as os/as interessados/as. 

Caso queiras fazer parte do GRUPO DE TRABALHO para a Organização deste evento envia-nos uma mensagem pelo Facebook, Instagram, ou por WhatsApp: (+351) 963 008 056. 

Caso queiras EXPÔR no nosso MUSEU DE AUSÊNCIAS, por favor preenche e envia os dados conforme o link abaixo: https://forms.gle/sPtAicgGYZYEqnx97. 

Carlos Marinho

Comentários

Mensagens populares deste blogue

TUDO SOBRE FERIDAS EMOCIONAIS DE INFÂNCIA

FERIDAS EMOCIONAIS DA INFÂNCIA: O QUE SÃO E COMO NOS IMPACTAM?  A Patrícia está sempre a comparar-se aos outros. Acha-se inútil e desinteressante. Tem pouca autoconfiança e uma muito baixa autoestima, desde adolescente. Vive refém do medo de ser abandonada, apega-se em demasia aos amigos e, principalmente, ao seu parceiro. A experiência de ciúmes é constante. Assume que qualquer outra mulher é muito mais bonita e mais cativante do que ela. Não descansa enquanto não souber o que o seu parceiro faz, controla-lhe o telemóvel, persegue-lhe as colegas de trabalho, e acompanha-o em todos os movimentos. " Faço isso para que ele não me troque por outra pessoa " justifica. Ansiedade, angústia, medo e desconfiança tomam conta da sua vida há muito tempo. Mas estas emoções são apenas a ponta do iceberg, e o sintoma de um problema maior, oculto abaixo da linha de água - ali, onde em terapia encontramos as suas  feridas emocionais . [Quando cais e te magoas, podes imediatamente ver a ferid...

O DESAFIO DA (RE)CONEXÃO COM O 'SELF' [MANUAL DE BOLSO - Versão 2024]

... VAZIO? DESÂNIMO? SOLIDÃO? FALTA DE FOCO? ANGÚSTIA? ... ´ Muitas destas queixas são queixas típicas do estado de  crise da subjetividade pessoal. E o que quer isto dizer? Bem, comumente, este estado de crise decorre da falta de investimento na nossa " vida interior " . Quando esta falta de investimento leva ao afastamento e eventual  desconexão com o nosso 'Self' , debilitando-o, é gerado intenso mal-estar. Neste caso, a solução está na libertação do 'Eu reprimido' , ou seja, no processo de individuação   e  emancipação pessoal . Por outro lado, pessoas que estão nos estágios iniciais do processo de emancipação pessoal , e que percebem quão isoladas estão em relação à maioria, poderão também experimentar mal-estar sob a forma destas queixas: acontece que o que faz mover o mundo não as faz mover mais. Aos perceberem de forma mais lúcida a crise da subjetividade atual, sentem-se alienadas da cultura ao seu redor. Neste caso, a solução está na resistência às...

ENTENDER PARA SUPERAR: OS DESAFIOS DO NARCISISMO PATOLÓGICO

SOMOS TODOS/AS NARCISISTAS? Sim!  Comecemos por dizer que o que caracteriza o narcisismo é o  investimento da libido na nossa própria imagem .  Todos/as nós possuímos uma energia vital que pode ser investida tanto nos outros, como na nossa própria imagem - a essa 'energia' chamamos de " libido ". Com efeito, é impossível que pelo menos uma parcela da nossa energia vital não seja investida na nossa própria imagem , por isso dizemos que o narcisismo é uma condição básica da estrutura da subjetividade humana ,  transversal a todos os seres humanos .  Para entendermos as "complicações narcísicas" que podem afetar o nosso comportamento, nomeadamente o que consideramos " narcisismo patológico (ou perverso) ", devemos começar pelo início da vida, e entender a formação do narcisismo desde a sua raiz ...  A VIDA COMEÇA NO PARAÍSO (ou SOBRE O NARCISISMO PRIMÁRIO ): No início da vida, o bebé não percebe ainda a realidade externa , não está ainda capaz de re...