Introdução:
A maioria das pessoas já ouviu
falar da cannabis e dos seus
derivados, e muitas já tiveram contato direto com estas substâncias.
Apesar de ser uma droga ilegal,
muitos consideram que o seu consumo é inofensivo e que não acarreta riscos para
a saúde. Não é verdade que assim seja.
Estar corretamente informado,
refletir sobre as verdadeiras razões que levam ao consumo, bem como, conhecer
os malefícios que o consumo de cannabis provoca
na saúde física, mental e emocional, fará com que possa tomar decisões corretas
e crescer de uma forma saudável e responsável.
Cannabis:
Uma apresentação
Os derivados de cannabis obtêm-se a partir da planta Cannabis Sativa, cujo principal agente
psicoactivo é o canabinóide delta-9-tetrahidrocannabinol (THC), absorvido muito
facilmente pelos pulmões ou tubo digestivo.
Motivo dos consumos
As pessoas utilizam cannabis pelas mais variadas razões.
Algumas acham-na relaxante e social, uma droga de recreio que realça as cores e
os sons. Outras utilizam-na com fins medicinais (apesar de ilegal), pois contém
propriedades relaxantes e estimuladoras do apetite. Muitas pessoas consideram a cannabis praticamente inofensiva e têm
lutado pela sua legalização. No entanto, a verdade é que o seu consumo não é
isento de riscos.
Efeitos da Cannabis
A cannabis atua no cérebro afetando os chamados recetores
cannabinóides. Estes recetores são encontrados em maior densidade em áreas do
cérebro que influenciam o prazer, a memória, o pensamento, a concentração, o
movimento, a coordenação e a perceção sensorial e do tempo. O aumento da
concentração de THC detetado nos últimos anos faz com que as consequências do
uso da cannabis sejam piores do que
antigamente, em especial nos mais jovens. Mesmo o consumo ocasional de cannabis pelos jovens pode afetar o
desenvolvimento cerebral e, ter efeitos no pensamento e na memória, durante um
longo período de tempo ou mesmo virem a ser permanentes.
Um estudo recente, com
consumidores que iniciaram o uso de cannabis
na adolescência, revela que há uma redução da conexão entre as áreas
cerebrais responsáveis pela aprendizagem e pela memória.
Outro estudo realizado na Nova
Zelândia mostra que as pessoas que começaram a consumir cannabis na adolescência perderam em média 8 pontos no seu QI,
entre os 13 e os 38 anos. Mais importante ainda, a diminuição de capacidades
cognitivas não foi totalmente restaurada naqueles que deixaram de fumar cannabis quando adultos.
Um consumidor regular de cannabis poderá ter os mesmos problemas
respiratórios que os fumadores, como tosse diária, bronquite e um maior risco
de infeções pulmonares (pneumonia, por exemplo). Tal como o tabaco, ao fumar cannabis são inaladas várias substâncias
tóxicas e pequenas partículas que fazem mal aos pulmões. O fumo da cannabis possui uma maior proporção de
partículas cancerígenas do que o fumo do tabaco.
Os consumidores de cannabis podem ter depositado nos
pulmões quatro vezes mais alcatrão do que os fumadores de tabaco, resultante
nas diferentes formas de administração. Os fumadores de cannabis, geralmente, inalam mais profundamente e sustêm a
respiração por mais tempo do que os fumadores de tabaco, logo, os pulmões estão
mais expostos às substâncias tóxicas. Os fumadores que consomem cannabis têm menor probabilidade de
deixar de fumar.
Os efeitos negativos da cannabis podem incluir sensações de
paranóia, boca seca, problemas respiratórios e ansiedade. Outros efeitos que
podem ocorrer em determinadas situações incluem redução da capacidade de
concentração, cansaço, confusão, alteração da memória e dissociação de ideias.
Tal como os ácidos, a cannabis pode
ter efeitos alucinogénicos e causar ansiedade. As más experiências podem
incluir ataques de pânico ou hiperventilação (respiração rápida e superficial,
dando a sensação de tontura).
A cannabis pode também afeta o tempo de reação, o movimento e a
coordenação, o que pode ser desvantajoso para o desempenho do atleta em qualquer
atividade desportiva.
Afeta ainda a tomada de
decisão; com efeito, uma droga, ao ser consumida abusivamente, afeta a
capacidade de tomada de decisão dos indivíduos, o que pode conduzir a
comportamentos de risco, como por exemplo ter relações sexuais desprotegidas
(que poderá aumentar a probabilidade de contrair doenças sexualmente
transmissíveis e/ou gravidezes indesejadas), acidentes de viação e situações de
violência ou de conflito. A maioria dos consumidores refere que a sua vida
social, física e mental e o desempenho profissional são afetados. Se o consumo
for continuado podem vir a instalar-se os seguintes efeitos
físicos:~
E a nível psicológico:
Estão ainda descritos alguns
efeitos do consumo de cannabis como
Episódios Psicóticos Agudos (distorção da perceção e do pensamento e paranóia)
ou Perturbações de Ansiedade. O consumo de cannabis
pode conduzir ao aparecimento da esquizofrenia e outros sintomas psicóticos,
bem como, piorar alguns sintomas e aumentar as recaídas nas pessoas que já
sofrem destas doenças.
Dependência
O consumo continuado de cannabis pode levar à dependência, o que
significa que as pessoas têm dificuldade em controlá-lo e mesmo que o queiram
parar não conseguem. Em casos de dependência de uma substância quase todos os
domínios funcionais da vida do indivíduo são afetados (APA, 2002).
Craving
São também frequentes os
episódios de craving. Os momentos de craving caracterizam-se pelo desejo
intenso e aparentemente incontrolável de consumir a substância, sendo normal e expectável
que tais momentos ocorram após a cessação dos consumos regulares. Estes
momentos podem ocorrer até vários meses após o fim dos consumos e, para além de
a sua frequência diminuir com o tempo, têm um período de duração limitado.
Os episódios de craving aumentam consideravelmente o
risco de recaídas após períodos consideráveis de abstinência da substância.
Cannabis e outras drogas
Um dos problemas do consumo de cannabis está relacionado com a escalada
dos consumos, ou seja, o contacto com esta substância pode levar ao consumo de
outras com consequências potencialmente graves.
Apesar de sabermos que nem
todas as pessoas que consomem cannabis experimentam
outras drogas sabemos, também, que a maioria dos consumidores de cocaína e
heroína iniciaram os seus consumos de drogas com cannabis.
Se as várias drogas são
perigosas por si, ainda mais o são quando misturadas. Misturar cannabis com álcool, por exemplo, produz
um efeito potenciado, quer do álcool quer da cannabis. Neste caso, a ansiedade e/ou apatia instalam-se
rapidamente.
Existe total consenso
científico em relação à probabilidade de que quem consome cannabis poder vir a consumir outro tipo de drogas ilícitas ou
abusar de outra droga lícita.
A isto chama-se escalada de
consumos.
Postulam-se diversas
explicações: o facto de consumir cannabis
poderá aumentar as situações em que possam ser oferecidas outras drogas.
Outra explicação prende-se com
o facto de que quem experimentou cannabis
possa ter maior interesse em consumir outras drogas para obter outros
efeitos.
É igualmente possível que o
consumo de cannabis ative os
circuitos de recompensa cerebrais, que poderá levar à procura de outras
substâncias.
Duração dos Efeitos
A cannabis é a droga que mais tempo permanece no organismo podendo
ser detectada, através de análises, durante vários dias, ou mesmo semanas, após
o consumo.
Os efeitos começam a sentir-se
rapidamente, apenas em minutos e duram aproximadamente 3 a 6 horas, no entanto,
e dependendo da quantidade de THC da planta, estes podem ser sentidos durante
24 horas.
O uso regular de cannabis pode ser visto como uma forma
de dependência e para algumas pessoas torna-se bastante difícil parar os
consumos desta substância, mesmo quando não se assume que esta situação está a
acontecer (negação da dependência). Há um crescente número de consumidores a
pedir ajuda em centros especializados para pararem o consumo. Os utilizadores
regulares acabam, muitas vezes, por descobrir que a cannabis se tornou "tudo" na sua vida.
Síndrome de Abstinência
Os consumidores habituais podem
desenvolver o síndrome de abstinência cujos sintomas são parecidos com os
apresentados na abstinência do tabaco. O síndrome de abstinência é um conjunto
de sintomas físicos e/ou psicológicos desagradáveis, manifestados nos
indivíduos que suspendem bruscamente o consumo de substâncias psicoactivas.
Os consumidores habituais
apresentam sintomas mais evidentes como irritabilidade, raiva ou agressividade,
nervosismo ou ansiedade, perturbação do sono (ex.: insónia e pesadelos),
diminuição do apetite ou perda de peso, aumento do consumo de tabaco, humor depressivo,
assim como o desejo de voltar a consumir. Podem ainda surgir alguns sintomas
físicos, como dor de estômago, oscilação/tremores, suores, febre, arrepios ou
cefaleias. Outros sintomas menos comuns: fadiga; bocejar; dificuldade de
concentração. A maioria dos efeitos aparecem 24-48 horas após a cessação dos
consumos, têm um pico 2-4 dias e passam após 1 a 3 semanas. Estes sintomas são
toleráveis e não alteram os hábitos de vida do indivíduo.
A Proibição Legal da Cannabis
Consumir cannabis é proibido por lei, ou seja, é um comportamento ilegal
punido no âmbito da Lei nº30/2000. Apesar de um indivíduo não ser encarcerado,
nem ficar com cadastro criminal, se for apanhado pela polícia na posse ou a
consumir cannabis, a lei determina
que lhe seja aplicado outro tipo de sanções. Em alternativa a estas sanções
pode também ser encaminhado para apoio em serviços especializados de tratamento
ou centros de saúde.
Dicas
O consumo de drogas é sempre um
risco, mas se depois de ter informação correcta sobre os riscos que corre e
ainda assim decidir consumir, aqui ficam algumas recomendações que lhe poderão
ser úteis:
v Não
misture cannabis com álcool ou outras
drogas;
v Procure
lugares calmos evitando situações de conflito;
v Nunca
consuma se tem que estudar, trabalhar ou tomar decisões importantes para a sua
vida;
v Não
conduza, procure andar a pé ou viajar de transportes públicos;
v Se não se
sentir bem, se estiver deprimido, triste ou ansioso não consuma, só vai agravar
a situação;
v Tenha
cuidado com as pessoas com quem escolhe consumir, mas evite fazê-lo sozinho;
v Se
depois de consumir se sentir mal, enjoado, com palpitações ou vómitos peça
ajuda.
Para si, por si, consigo,
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