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Mensagens

A mostrar mensagens de 2025

GHOSTING

O fenómeno do  ghosting  - o comportamento de uma pessoa que interrompe, de forma súbita e sem qualquer justificação, toda a comunicação com outra - tem-se tornado uma forma cada vez mais comum de terminar vínculos nas relações afetivas contemporâneas, especialmente no contexto das redes sociais e dating apps . Apesar de parecer recente, trata-se de uma expressão contemporânea de dinâmicas subjectivas profundas e recorrentes nas estruturas psíquicas. Saibamos mais... Sintoma de uma 'Cultura Líquida' A sociedade actual, marcada pelo consumo imediato e pela rápida prescindibilidade dos vínculos, oferece terreno fértil para comportamentos como o ghosting .  Zygmunt Bauman  (2003) descreveu as relações contemporâneas como “ líquidas ”, ou seja, frágeis, fugidias e facilmente descartáveis. Neste contexto, o ghosting surge como sintoma de um coletivo que prioriza o prazer imediato, e evita o desconforto da frustração, do conflito ou a dor do Outro, e a inevitável complexi...

90% DOS CASAIS TERMINA AQUI

A maioria das relações de intimidade amorosa passa por TRÊS ETAPAS , e 90% dos casais termina na segunda delas.  1a Etapa: ENAMORAMENTO:   é a etapa das " lentes cor de rosa " em que a novidade e a compatibilidade fazem com que se segregem grandes quantidades de dopamina e feniletilamina, que nos fazem idealizar a figura amada (e vê-la de forma distorcida). O casal sente desejo de proximidade, diverte-se e não discute, porque o nível de compromisso é baixo .  2a Etapa: DECEÇÃO:   é a etapa em que se nos cai a máscara e deixamos que venham à superfície os traços reativos da nossa personalidade. O compromisso aumenta e surge o "verdadeiro eu" das pessoas : à superfície, chegam as suas  feridas emocionais , os seus medos, inseguranças, o seu estilo de vinculação, e os seus hábitos emocionais destrutivos. Há bons momentos na relação, mas nesta etapa começam os ciclos de discussões que se repetem, uma e outra vez. É nesta etapa que a maioria das relações termina...

Entrar na Universidade: Quando Sentir-se Perdido/a é Parte do Caminho

Entrar na universidade é um dos grandes marcos da vida. Para muitos, é a concretização de um sonho; para outros, o início de um percurso ainda incerto . Independentemente da forma como cada pessoa vive este momento, há algo que é comum a muitos: a sensação de confusão, dúvida, medo, inseguranças, ou até desorientação . E sim, isso é perfeitamente normal. Estás a dar os primeiros passos num mundo novo . Novas rotinas, novas amizades, novas responsabilidades - e, muitas vezes,  longe de casa  e da rede de apoio habitual. É natural que surjam perguntas como: S erá que escolhi o curso certo? Será que vou conseguir acompanhar? E se não me adaptar? Estas questões não são sinal de fraqueza, mas de consciência. Mostram que estás a levar este momento a sério. Do ponto de vista psicológico, sabemos que as fases de transição - como esta - são frequentemente acompanhadas de desconforto e insegurança . Mas isso não significa que algo esteja errado contigo. Significa apenas que estás a cr...

A SAÍDA DA CASA DOS PAIS E O DILEMA DA DIFERENCIAÇÃO DO 'EU' EM RELAÇÃO À MASSA FAMILIAR

Não raro, as pessoas que mostram dificuldade em dar início a uma vida independente dos pais, queixam-se da falta de desenvolvimento e autonomia de pensamento, da falta de sentimento e ação, da incapacidade para enfrentar desafios e aproveitar todos os seus potenciais, do sofrimento, das dificuldades de se encontrarem no mundo, do sentimento de inutilidade e insignificância, da dificuldade em estabelecer relações duradouras. A diferenciação proporciona a possibilidade de deixarmos a casa da família, e o mundo da infância, não só fisicamente, mas também emocionalmente. É a capacidade de existirmos como pessoa, de termos vida mental própria, de termos opiniões próprias, sentimentos, desejos, sonhos próprios, saber defendê-los e celebrá-los. Significa viver por conta, em liberdade e com o sentimento de responsabilidade. É a capacidade de reformular a relação com os pais, para que se possam desenvolver algumas normas de apoio mútuo. Talvez algumas pessoas nunca venham a sair de casa. Há que...

DEIXA DE IDEALIZAR QUEM TE MAGOOU

Quando temos feridas emocionais por sarar, é fácil idealizarmos a quem nos magoou. A mente começa a dizer-te que essa pessoa era mais especial do que na verdade foi , que a relação t eria sido perfeita se te tivesses esforçado 'um pouco mais' . E é aí que te esqueces de algo importante: de todo o esforço que fizeste para 'ser suficiente', todo o cansaço de tentares que te acolhesse alguém que nunca esteve realmente disponível para ti!   Deixa de romantizar o que, na verdade, te quebrou! Deixa de dizer-te a ti mesmo/a que perdeste algo valioso, quando o que perdeste foi uma luta constante para te encaixares numa parceria que nunca te viu por quem, na verdade, eras . Sabe-se que a pessoa que cresceu num lar sem segurança emocional , tem maior tendência para idealizar uma ex-parceria com quem não se sentiu segura, ao invés de aceitar a realidade de quem essa pessoa foi. E por quê? Porque aceitar semelhante verdade, implicaria olhar em retrospetiva e reconhecer que esse p...

A ÉPOCA DE EXAMES E A ANSIEDADE DE PERFORMANCE

A época de exames é, para muitos/as estudantes, sinónimo de pressão, noites mal dormidas e um estado emocional em constante oscilação. Entre apontamentos, revisões e prazos apertados, surge frequentemente um inimigo silencioso: a ANSIEDADE DE PERFORMANCE . EM QUE CONSISTE? A Ansiedade de Performance é uma experiência emocional marcada pelo medo intenso de falhar ou de não corresponder a expectativas em situações em que se está a ser avaliado/a - seja num exame, numa apresentação pública, numa entrevista de emprego, numa atividade artística, ou até numa relação íntima. Do ponto de vista psicológico, trata-se de um estado de ativação emocional e fisiológica excessiva, que interfere na execução de uma tarefa. Caracteriza-se por sintomas que afetam áreas como: Cognitiva: dificuldade de concentração, bloqueios mentais, dificuldade de organizar ideias; pensamentos negativos (“ Vou falhar ”, “ Não sou capaz ”); Emocional: medo, vergonha, frustração; Comportamental: evitar situações sociais...

DIZ-ME DE QUE TE QUEIXAS À TUA PARCERIA, E DIR-TE-TEI COM QUE VAZIO CRESCESTE

A. SE RECLAMAS CONSTANTE ATENÇÃO... ...é possível que tenhas crescido a sentir que não eras suficiente para seres visto/a ou amado/a. Este sofrimento pode traduzir-se numa necessidade de atenção para validar o teu valor. Pergunta-te, então: Posso sentir-me valioso/a sem que alguém mais mo confirme?    B. SE EXIGES CONSTANTEMENTE CARINHO OU AFETO FÍSICO... ...é possível que tenhas crescido num ambiente em que o amor não era demonstrado abertamente. Isto pode fazer com que procures uma parceria que supra essa carência, até transbordar.  Pergunta-te, então: Como posso dar-me o amor de que preciso sem depender de outra pessoa para me sentir pleno/a?  C. SE NECESSITAS SEMPRE DE SECURIZAÇÃO E ESTABILIDADE... ...talvez na tua infância tenhas vivido experiências de incerteza e mudanças frequentes, que te tenham feito sentir inseguro/a. Agora, a incerteza assusta-se e procuras uma parceria que te ofereça uma "zona de conforto".  Pergunta-te, então: Posso providenciar-...

FELIZ ANIVERS... NÃO?

Parabéns a vo… Não? Bem, celebrar o aniversário pode constituir uma oportunidade de fruição da vida, desejado e importante, mas a ocasião não é vista da mesma forma por todos/as. Na semana passada, chegou-me a consultório este discurso: “ Não sei que faça este ano no meu aniversário. Ou convido as pessoas para comemorar ou fico na minha. Não sei se quero comemorar. Verdade seja dita, não gosto destas datas. É o meu dia e tenho de providenciar tudo: a festa, os convites, a decoração, a comida, o bolo. A aniversariante é a que tem mais trabalho e menos se diverte. E quem disse que sou obrigada a comemorar? Posso ignorar a data e seguir com a minha vida. Certo? É apenas mais um ano ”.  Comemorar o aniversário leva-nos a refletir sobre a vida, sobre a nossa biografia, e a questionar as nossas prioridades. É, geralmente, uma época de balanço. Contribui para a construção equilibrada da noção do ‘Eu’, para sedimentar a consciência de quem somos e a fase do percurso em que nos encontramos....

NÃO É QUE PRECISES DE APRENDER A ESTAR SÓ... O QUE PRECISAS É DE APRENDER A ESTAR EM RELAÇÃO!

Cara pessoa consciente, o problema não é que não saibas estar só. Há muito que dominas a arte de estar contigo mesma. O verdadeiro desafio é aprenderes a estar em relação , sem deixares de estar para ti mesma . É por isso que, sempre que surge a possibilidade de uma parceria, te deixas obcecar pelo Outro, te despersonalizas, deixas de te focar em ti mesma. A atenção que recebes dessa pessoa passa a ser o centro do teu mundo, levando-te a perderes o equilíbrio entre o amor próprio e o vínculo . Aquilo de que realmente necessitas é aprender a vincular-te sem te perderes na relação . Aprenderes a manter uma relação saudável contigo mesma, deixando de usar o Outro como desculpa para fugires de ti, dos teus conteúdos internos, para procrastinares a satisfação das tuas necessidades e desejos, para te abandonares. Às vezes, o problema não é que o Outro esteja indisponível , mas que tu não tenhas aprendido a estares disponível para ti dentro da relação. Isto acontece quando passas muito tempo ...

A ÚLTIMA CONVERSA (FECHANDO CICLOS)

Continuas à espera de que quem te magoou seja capaz de reconhecer a tua dor? É natural desejarmos essa validação. Mas e se te dissesse que a cura não depende dessa(s) pessoa(s), mas de ti mesmo/a? Dentro de ti, tens a força e a resiliência necessárias para fechar ciclos e avançar . A verdadeira cura começa quando deixamos de procurar respostas lá fora e começamos a olhar para dentro. Sim, é uma experiência profundamente dolorosa quando alguém que amas  termina a relação  de forma abrupta, deixando-te sem aquela última - e tão necessária - conversa. Mais difícil ainda é quando essa pessoa atua como se nada tivesse passado, ignorando o impacto emocional que deixou. Quando enfrentamos a incerteza de um final inclusivo , várias são as questões que se nos colocam, e sem resposta adequada, o vazio pode levar-nos a desgastantes  pensamentos repetitivos . É natural procurarmos um esclarecimento. Por vezes, esta necessidade leva-nos a tentar estabelecer contacto com a(s) pessoa(s)...

O MEU PAI NUNCA ME DISSE: "EU AMO-TE"

O meu pai daria a vida por mim, mas… …não era capaz de cuidar dele próprio para poder cuidar de mim. O meu pai daria a vida por mim, mas… …não me dava carinho. O meu pai daria a vida por mim, mas… …criticava tudo o que eu fazia, fazendo-me sentir inútil. O meu pai daria a vida por mim, mas… …chamava-me de 'egoísta' se o que eu quisesse fosse diferente do que ele pretendesse.  O meu pai daria a vida por mim, mas… …realmente nem sequer me conhece. O paulatino e sutil desligar do universo materno, com a presença do pai, é  necessário para a formação da identidade de qualquer pessoa . Entenda-se que a identidade de uma pessoa é  construída a partir da identificação com um aspeto, atributo ou características de outra pessoa  e, no processo de desenvolvimento infantil,  o cuidador do mesmo sexo está a serviço desta primeira identificação .  Na parentalidade adequada, além de base de  identificação , a função paterna estabelece os  limites necessários pa...

A CRIANÇA FERIDA TORNA-SE O ADULTO FERIDO

Porque reages como reages? Talvez não te detenhas a perguntar-te, mas acredita que isso fará toda a diferença. Porque é que certas coisas te irritam tanto? Porque é que há momentos em que perdes o controlo? As tuas emoções não surgem do nada. Alguma vez te questionaste sobre o que as provoca? Sem dar-te conta, repetes o que aprendeste na tua infância…  A criança que nunca se sentiu escutada , como adulta levantará a voz sempre que sentir que a ignoram. Não é agressiva, apenas procura ser ouvida. A criança que foi castigada por chorar , como adulta ocultará as suas lágrimas sempre que sentir dor. Não é insensível, apenas aprendeu a esconder o que sente. A criança que cresceu sem receber afeto físico , como adulta evitará os abraços cada vez que o carinho se aproxime em demasia. Não é fria, apenas teme o que nunca conheceu. A criança que teve de ser forte para os outros , como adulta negar-se-á a pedir ajuda quando precise. Não é orgulhosa, apendas aprendeu que a vulnerabilidade não ...