A maioria das relações de intimidade amorosa passa por TRÊS ETAPAS, e 90% dos casais termina na segunda delas.
(1) A comunicação é essencial – sempre: não evites a ‘discussão de relação’. Os conflitos são a expressão das diferenças e desejos encontrados, servindo para esclarecer e para nivelar expectativas. Servem para reafirmar, por um lado, a individualidade dos membros do casal e, por outro lado, encorajá-los a reforçar o ‘nós’ relacional, trazendo assim a ambos o germe da transformação e do crescimento. Contrariamente ao afastamento/evitamento, discutir a relação de forma aberta favorece a interação intimista, incentiva o espírito de confiança, de compromisso, e de respeito mútuo.
Geralmente, o afastamento é um comportamento inconsciente incorrido para tolerar o desconforto vivido na relação. Não raro, encontrámo-lo baseado em comportamentos aprendidos no círculo familiar em que a parceiria foi criada. Relações familiares tensas, com pouca afetividade, resultam frequentemente em pessoas incapazes de – ou com grande dificuldade em – expressar as próprias emoções. Mesmo apaixonadas, estas pessoas marcam uma certa distância da outra, já que é o que está no seu ‘banco de dados’ interno: ninguém lhes ensinou a demonstrar carinho e, consequentemente, não sabem como fazê-lo. Pode também acontecer que a pessoa tenha sido criada num ambiente em que as figuras cuidadoras estavam em constante conflito, levando-a a marcar uma certa distância como forma de evitar que a mesma coisa aconteça no seu lar.
Conversa então com a tua parceria, frente a frente, escolhendo para isso um tempo e espaço apropriados, certificando-te que estão calmos/as e não sob influência de reatividade emocional. Explica como te sentes, e que pontos da relação achas que ambos precisam de melhorar para otimizá-la. Acolhe o feedback com atenção e humildade, livre de censuras e provocações. Espera-se que para chegarem a um acordo mútuo, estejam ambos/as capazes de fazer a devida cedência, abdicando do desejo de impor uma versão absoluta dos eventos.
(2) Combater juntos/as a monotonia: se a rotina é, pelo menos parcialmente, um fator responsável pelo esfriamento ou estagnação da relação, é importante que ambos unam esforços para revertê-lo. Se existem situações capazes de aproximar-vos novamente, o que está em causa serão então falhas no contexto, e não nos sentimentos. Cuidar da relação diariamente, organizar novos planos, serem mais atenciosos/as um/a com o/a outro/a, tentarem surpreender de quando em vez, encontrarem novos gostos em comum, diversificarem os atrativos das relações sexuais, ou desenvolverem uma intimidade mais espontânea/ improvisada - namorarem mais! Propõe à tua parceria atividades para sairem da rotina, como viajar a dois ou em grupo, conhecerem uma cidade próxima, passearem por um ponto turístico ou espaço público da cidade, fazerem um desporto (radical), irem a um evento local, assistirem a uma peça de teatro. Podem também estabelecer um compromisso semanal ou mensal, como sair para jantar, na expectativa de passar a semana na antecipação do encontro (renovando o plano sempre que ficar monótono).
(3) Expressa os teus sentimentos com sinceridade: como pode a outra pessoa saber que a amas, se o não demonstrares? Quanto mais subtil for a expressão de afeto, mais tendemos a duvidar da existência dele. Beija, abraça e troca carícias com mais frequência. Di-lo através de palavras, de cartas, de elogios, de mimos. Expressa o teu amor em momentos inusitados, entende quais são as demonstrações que mais agradam à tua parceria (ela/ele pode ser mais reservado/a e preferir expressões mais discretas, por exemplo) e investe nelas.
(4) Lembrarem-se dos momentos bons pode ajudar-vos a encontrar/reviver razões para não desistirem do amor na relação: explorem as vossas lembranças mais calorosas, ao lado um/a do/a outro/a. Por exemplo, vejam fotografias, contem histórias engraçadas do passado, partilhem as vossas primeiras impressões um/a do/a outro/a, releiam (ou refaçam) os vossos votos do casamento e visitem locais importantes para ambos (e.g., onde se conheceram, onde tiveram o primeiro encontro ou encontros memoráveis, onde se divertiram sem preocupações com o dia seguinte, o primeiro destino de viagem a dois, entre outros);
(5) Avaliar a possibilidade de procurar ajuda profissional, realizando nomeadamente terapia de casal: reconhecer que há um problema na relação é o primeiro passo. Um profissional pode ajudar o casal a tornar a relação saudável e, assim, preservá-la. O casal deve escolher o tipo de terapia mais adequada ao perfil dos dois. Casais que aprendem a resolver problemas juntos são os mais bem-sucedidos. Perceba-se que a relação em si deve ser maior do que qualquer problema.
Quando, no entanto, percebemos que o resgate da relação está além dos nossos objetivos ou capacidades, saibamos aceitar o seu término. Esta não é uma decisão fácil: por esse mesmo motivo, antes de qualquer decisão, reflete bem. Mas tem sempre em mente que a vida é algo que passa muito rapidamente e não há por que desperdiçá-la sendo infeliz ou tentando agradar aos outros. Por muito dolorosa que seja, a crise gerada pela experiência de término relacional abre também espaço e possibilidade para que nos possamos reinventar. Este pode ser o momento certo para cuidarmos melhor da nossa trajetória de desenvolvimento, crescimento e amadurecimento pessoais.
Aqui para ti.
Com estima,
Carlos Marinho
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