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CONTROLAR O CORPO COMO RESPOSTA AO MEDO

Quando crescemos num CONTEXTO CONTROLADOR, a nossa intimidade não é respeitada, os nossos sentimentos não são validados, as nossas necessidades não são atendidas. Nestes casos, não é infrequente sentir-se que A ÚNICA COISA QUE SE É CAPAZ DE CONTROLAR é o próprio corpo. O CORPO CONVERTE-SE NA VOZ DO SELF QUE SE PERDEU NA FAMÍLIA. A recusa à alimentação é a única área em que a pessoa pode EXPRESSAR A SUA AUTONOMIA.

O CONTROLO DO CORPO e das suas necessidades gera uma FANTASIA DE SEGURANÇA E DE “PODER” sobre nós próprios/as. Na verdade porém, este jogo vem apenas ocultar a tendência para evitarmos o confronto com as DIFICULDADES, DESAFIOS E PROBLEMAS (conscientes e inconscientes) da AUTONOMIA. Isto porque assumirmos a nossa AUTONOMIA implica assumirmos as vulnerabilizantes responsabilidades que ela traz a reboque. 

À medida que o discurso interno vai gerando MAIS E MAIS RUÍDO em torno do corpo, do peso, da comida, e das calorias, as situações que exigem o nosso confronto ficam bloqueadas, passam para segundo plano. A sensação inicial é a de algum ALÍVIO, já que o incómodo se dilui: mas o problema passa apenas a esconder-se EM MAIOR PROFUNDIDADE. 

Muitas pessoas acolhem e acriticamente NATURALIZAM A CRENÇA de que PARA SE SENTIREM BEM, para poderem funcionar, para se sentirem validadas e aceites, precisam de “TER UM DETERMINADO CORPO”. Isto geralmente implica que seja NORMATIVO – e MAGRO. A forma como nos sentimos, o que iremos fazer, o nosso sentido de valor pessoal, o que merecemos – tudo revolteia em torno do “CRITÉRIO CORPO”. 

O corpo converte-se num OBJETO, alimentando a fantasia de que SE O MUDARMOS, conseguiremos também operar MUDANÇAS MAIS PROFUNDAS. Isto ocorre porque sentimos que na batalha de perder peso A MAGREZA É UM TRIUNFO, e sentir que ganhamos IMPACTA A NOSSA AUTOESTIMA. Trata-se meramente de uma ILUSÃO, já que estas mudanças nunca serão suficientes para poderem gerar bem-estar.  

O projeto central passa a ser o de perseguir-se um CORPO IDEAL, diluindo assim o universo do próprio “Self” e, com ele, todos os interesses, metas, necessidades e desejos pessoais, bem como todos os medos, inseguranças e ansiedades que não conseguirmos enfrentar. A INSATISFAÇÃO CORPORAL aumenta à medida que o CORPO REAL se vai afastando do CORPO REAL. E quanto maior a distância, maior a frustração. Neste ponto do funcionamento, o ruído mental é tão altissonoro, que as estratégias de evitamento já se encontram bem enraizadas e com altos níveis de sofisticação. Lutar contra o corpo consolida-se como uma forma de silenciarmos a responsabilidade sermos nós próprios/as. Mas…

...quando recusamos o corpo que vemos ao espelho, o que na verdade recusamos é a pessoa que representa esse corpo. A representação da nossa IMAGEM CORPORAL TORNOU-SE ESTÁTICA a despeito do passar do tempo: ficou paralisada no momento do sofrimento que o Outro gerou em nós. 

E SE DEIXASSES DE LUTAR CONTRA O TEU CORPO… POR QUE OUTRAS COISAS LUTARIAS TU? Que partes do teu Self poderás, inconscientemente, estar a esconder? E que aconteceria se viessem à superfície? Pode ser extremamente assustador pensarmos num novo “projeto de vida”. É possível que penses que renunciar ao “projeto ideal” significa perderes a luta, perderes o teu carácter ou valor. Mas e se na verdade resultasse no contrário? E se te dissesse que ao enfrentarmos todas as feridas internas, a cura te libertaria do vazio, e te daria o bem-estar que tanto procuras? 

OUTROS APONTAMENTOS ESPARSOS...

DA VORACIDADE ALIMENTAR/BINGE EATING: De um modo geral, as pessoas com crises de voracidade alimentar sentem que perderam o controlo das suas vidas, em que o foco se torna a comida e em que o inimigo somos nós próprios. Os mitos inerentes à dita “força de vontade” levam a que esta problemática seja muitas vezes escondida ou envolta em vergonha e arrependimento. O problema da compulsão alimentar tem raízes na infância aquando da formação dos hábitos alimentares, em que a comida pode ser associada a compensação, amor, conforto ou a uma forma de ultrapassar o stress e conflitos emocionais. Abre-se assim a porta a um início de uma alimentação emocional. O excesso de peso pode servir igualmente de escudo ou de afirmação de oposição.

A correlação entre ansiedade e a procura de prazer rápido faz da comida uma válvula de escape. Sim, comer é reconfortante. E muitas vezes, a primeira coisa a ocorrer-nos quando enfrentamos uma incerteza, uma situação stressante ou uma preocupação. Nestas alturas, é normal o cérebro procurar um alívio da tensão na comida (sobretudo, alimentos ricos em gordura e açúcares). O problema está na forma como a ansiedade nos distorce a relação com a comida: passamos a comer por outros motivos que não a fome ou a vontade – e muitas vezes, a comer compulsivamente.

Sabe-se que a ansiedade é um dos fatores que apresentam relação direta com a compulsão alimentar, já que os estímulos ansiosos para a comida se tornam, aos poucos, num hábito. 

Muitas vezes, o ato de comer compulsivamente resulta de quadros associados à ‘fome emocional’ – culpa, frustração, questões mal resolvidas, baixa autoestima e obesidade. Nestas condições, as crises de ansiedade surgem e tornam-se um estímulo para a pessoa procurar uma solução nos alimentos, principalmente nos doces (que atire a primeira pedra quem não…). 

Saber controlar a ansiedade por comida não é tarefa fácil, sobretudo quando queremos saborear algo que nos dê uma sensação de prazer, e nos afaste – ainda que apenas por segundos – de certas angústias. Mas a tristeza, a irritação ou a angústia não se diluem com uma (ou muitas) barra(s) de chocolate. Importante é refletir sobre a origem, gatilhos e fatores de manutenção destes sentimentos negativos, e o que eles dizem a respeito de como tratamos o nosso ‘Eu’. 

Uma das alternativas para o efetivo controlo da influência da ansiedade sobre o comportamento compulsivo é a reeducação alimentar. Vale frisar, entretanto, que este controlo pode passar pela readequação dos hábitos e costumes de uma pessoa: organização da rotina de trabalho; adequação dos alimentos de valor calórico corretos; determinação de horários de refeição corretos e coordenados; obediência ao plano alimentar estipulado; promoção da saúde emocional e do combate ao stress excessivo; realização de atividade física regular e práticas que promovam o relaxamento mental; manter um plano adequado para dormir corretamente. 

Mas esqueça as dietas restritivas! Isso só aumenta a ansiedade por comida, já que a partir do momento em que reduzimos drasticamente as quantidades, ou cortamos grupos alimentares inteiros, passamos a ficar com fome e a pensar obsessivamente em comida. O ideal para evitar a ansiedade e preocupação em torno da alimentação é fazer refeições de qualidade, com certa regularidade e com direito a satisfazer as suas vontades. Não se sinta mal se por um acaso falhar, ou desanimar. O importante é fazer as pazes com a comida, e manter-se firme no objetivo de melhorar a sua saúde como um todo. 

PERTURBAÇÕES DA ALIMENTAÇÃO E DA INGESTÃO: 

As perturbações alimentares são atualmente uma importante causa de morbilidade física e psicossocial em adolescentes e jovens adultos. Embora tenham ganho cada vez mais atenção, o seu real impacto é ainda pouco compreendido pela sociedade. Por definição, são perturbações de carácter persistente, na alimentação ou em comportamentos relacionados com a alimentação, traduzidas num consumo ou absorção de alimentos alterados, prejudicando a saúde física e/ou o funcionamento psicossocial dos indivíduos. 

Atualmente reconhecem-se como tal a anorexia nervosa, a bulimia nervosa, a perturbação de ingestão alimentação compulsiva, a perturbação de ingestão alimentar evitante/restritiva, a pica e o mericismo.
Vários são os fatores reconhecidos como importantes no desenvolvimento das perturbações da alimentação e ingestão alimentar; ter noção deles pode prevenir a sua ocorrência e beneficiar a melhoria dos tratamentos da atualidade: a pressão social para atingir ideias de beleza associados à magreza extrema, o historial de família de perturbações alimentares, o uso indevido de drogas (em particular, o alcoolismo no caso da perturbação de bulimia nervosa), a obesidade (também no caso da bulimia nervosa), a ocorrência de episódios depressivos, a parentalidade adversa (por exemplo, casos de discórdia parental, de afastamento ou pouco envolvimento das figuras parentais, e de grandes níveis de exigência), a existência de episódios de abuso sexual, o tipo de dieta alimentar da família, a pressão decorrente de críticas e pressões, seja de familiares ou outros, a respeito da alimentação, da forma e/ou do peso corporais, a baixa autoestima, o perfeccionismo (em particular, no caso da anorexia nervosa), a menarca precoce (sobretudo na bulimia nervosa), a ansiedade e as perturbações de ansiedade.

Anorexia – A anorexia nervosa consiste na recusa em manter um peso corporal igual ou superior ao minimamente normal para a idade, sexo, trajetória de desenvolvimento e saúde física (o peso significativamente baixo é definido como um peso corporal abaixo do nível normal mínimo, ou para crianças e adolescentes, abaixo de peso mínimo esperado), no medo intenso de ganhar pesou ou de engordar, mesmo quando o peso é insuficiente, e na perturbação na apreciação do peso e forma corporais, indevida influência do peso e forma corporais na sua autoavaliação, ou negação da gravidade do grande emagrecimento atual. O início típico desta psicopatologia ocorre entre o meio e o fim da adolescência (normativamente entre os 14 e os 18 anos) e afeta maioritariamente o sexo feminino.

Um indivíduo que padeça de anorexia pode apresentar alguns dos seguintes sinais, pelo que deverá manter-se atento: queixar-se frequentemente que está gordo/a, mesmo estando muito magro/a; verbalizar frequentemente a quantidade de calorias dos alimentos; usar roupas muito largas de modo a esconder o corpo; evitar refeições sociais com os amigos e família; mentir sobre quantidade e tipo de refeições; servir todas as pessoas que estão na mesa, relegando-se para último; dispersar a pouca quantidade de comida pelo prato de modo a parecer que tem muita; partir a comida em pedaços muito pequenos; mastigar a comida durante muito tempo; evitar conversas relacionadas com o seu peso e hábitos alimentares; fazer exercício físico excessivo e angustiar-se por não fazê-lo; afastar-se socialmente e abandonar atividades que realizava.

Muito frequentemente, o maior desafio para a intervenção nesta problemática é fazer o indivíduo reconhecer a existência de uma perturbação; com efeito, muitas pessoas o negam, e só iniciam um tratamento quando a perturbação está em estádio avançado de gravidade. Em determinados casos, torna-se mesmo necessário o recurso à hospitalização para que se proceda ao restabelecimento do peso corporal e do equilíbrio orgânico.

Estas perturbações são abordadas por equipas multidisciplinares, idealmente compostas por médicos, psiquiatras/pedopsiquiatras, psicólogos, enfermeiros, dentistas e/ou nutricionistas e endocrinologistas. A psicoterapia pode e deve ser tanto individual como em grupo e família. Frequentemente é usada a terapia cognitivo-comportamental, no sentido de reforçar hábitos alimentares apropriados e de manutenção de peso, bem como a identificação de padrões de pensamento ilógicos e irracionais.

Bulimia – A bulimia nervosa envolve episódios recorrentes de ingestão compulsiva seguidos de comportamentos compensatórios inapropriados para impedir o aumento do peso (por exemplo, o uso de laxantes, diuréticos, enemas, o jejum, a prática de exercício físico intensivo, etc.). Nos episódios de ingestão compulsiva, [a] um indivíduo come, num curto período de tempo, uma quantidade de alimentos que é sem dúvida superior à que a maioria dos indivíduos comeria num período de tempo semelhante e nas mesmas circunstâncias; e [b] está presente uma sensação de perda de controlo sobre o ato de comer durante o episódio (por exemplo, sentimento de incapacidade para parar de comer ou controlar a quantidade e qualidade dos alimentos). Em média, pelo menos 2 vezes por semana em 3 meses consecutivos.

Vários estudos sugerem que a intervenção inspirada nos modelos cognitivo-comportamentais e nos modelos interpessoais são eficazes para o tratamento da bulimia, sendo bem aceites pelos clientes, e providenciando o acompanhamento e melhoria dos problemas psicológicos comórbidos, tais como a baixa auto-estima e a depressão.

Perturbação de ingestão alimentar compulsiva – Caracteriza-se pela falta de controlo que um cliente tem sobre a ingestão de alimentos. Nestes casos, são ingeridas grandes quantidades de alimentos, num curto espaço de tempo. Estão associados a 3 (ou mais) das seguintes situações: uma ingestão muito mais rápida que o habitual; o comer até se sentir desconfortavelmente cheio; a ingestão de grandes quantidades de comida, mesmo não sentindo fisicamente fome; o comer sozinho por se sentir envergonhado pela sua voracidade; e o sentir-se desgostoso consigo próprio, deprimido ou com grande culpabilidade após os episódio (reconduzindo o indivíduo a novos episódios de ingestão compulsiva, criando-se assim um ciclo vicioso). Em média, ocorrem pelo menos 1 vez por semana durante 3 meses.
Esta perturbação poderá contribuir para um conjunto de problemas, como a atribuição de uma importância excessiva ao peso e à forma corporal na avaliação do valor pessoal, uma preocupação exagerada com a alimentação, funcionamento social e ocupacional comprometido,  sintomas depressivos e de ansiedade e uma maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de diferentes perturbações psiquiátricas.

Perturbação de ingestão alimentar evitante/restritiva – Consiste na alteração da ingestão ou alimentação (por exemplo, aparente falta de interesse em se alimentar ou na comida; evitamento baseado nas características sensoriais dos alimentos; preocupação sobre características aversivas da alimentação), manifestada pela incapacidade persistente de atingir as necessidades nutricionais e/ou energéticas associada à perda de peso significativa e/ou a uma deficiência nutricional significativa e uma dependência de alimentação entérica ou de suplementos nutricionais orais. Ao contrário do que acontece na bulimia nervosa não ocorrem comportamentos purgativos ou compensatórios, o que pode levar a que os pacientes apresentem excesso de peso. Deve distinguir-se a ingestão alimentar compulsiva do simples comer em excesso. O comer em excesso só acontece de vez em quando, e não é acompanhado de sentimentos avassaladores de culpa, vergonha e constrangimento. Também para estes casos é indicada a psicoterapia cognitivo-comportamental, onde a pessoa pode falar sobre os seus problemas e preocupações na base da perturbação.

Pica – A pica consiste na ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não alimentares (por exemplo, terra, cabelo, cola, sabão), por um período de pelo menos 1 mês. O seu diagnóstico pressupõe que o comportamento alimentar não faça parte de práticas culturalmente aceites ou de normas de conduta social. Poderá dever-se a deficiências nutricionais como ferro e zinco, e à presença de uma perturbação mental, como esquizofrenia, obsessão-compulsão ou depressão. Se provocada por deficiência em zinco ou ferro, o seu tratamento passa por se alterarem hábitos alimentares e passar a fazer uso de suplementos até a melhoria da condição. Um suporte psicológico é geralmente necessário durante o tratamento desta perturbação, além do que poderá ser necessário recorrer a poio médico para tratar danos provocados pela ingestão de substâncias não nutritivas (como intoxicações ou infecções no sistema digestivo).

Mericismo – O mericismo consiste na regurgitação repetida de alimentos durante um período de pelo menos 1 mês. Os alimentos regurgitados podem ser novamente mastigados, engolidos ou cuspidos. A regurgitação repetida não é atribuível a uma doença gastrointestinal associada ou a outra condição médica (por exemplo, refluxo gastroesofágico, estenose pilórica).

Saiba mais em consultório.

Com estima,
Carlos Marinho



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